Uma das preocupações manifestadas pelo governo Lula é combater a violência contra a mulher, considerada muito alta em várias regiões do país Para tratar desta questão, o presidente criou a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, que tem como ministra a ex-senadora gaúcha Emília Fernandes. A meta do governo federal é aumentar o número de delegacias da mulher e de casas de abrigo para atender as vítimas da violência doméstica. No Paraná as deputadas eleitas angajadas na defesa das causas feministas, aprovam a medida anunciada pelo governo federal.
“Sou favorável à criação de novas delegacias, inclusive ajudei a criar a que existe em Curitiba. Também considero os abrigos de fundamental importância, e acho que eles devem ser ampliados”, afirma a deputada federal Clair da Flora Martins (PT). Para ela as mulheres devem se unir para combater a violência, e cobrar dos governos municipais e estaduais medidas que garantam maior segurança. “Ainda este mês, mulheres de diversos partidos estarão reunidas para conversar com o governador Roberto Requião (PMDB) para apresentarmos propostas e uma política de mulheres”, adianta.
Ato público
Outra idéia que já está sendo estudada é a realização de um grande ato no dia 8 de março, data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher. “Queremos promover um ato em conjunto com a secretária de Cultura, Vera Mussi, com as deputadas estaduais e federais, vereadores e mulheres em geral. Inclusive estamos esperando a vinda da ministra Emília Fernandes no dia”, conta Clair.
Apesar de o Paraná não ser um Estado com os maiores índices de violência contra a mulher os casos ainda são muitos. “Aqui existe e é muito acentuado. O que aconteceu em Almirante Tamandaré, por exemplo, é uma situação gravíssima de violência. Combater estes casos sempre foi uma preocupação para mim”, diz a deputada.
A deputada estadual Elza Correia (PMDB) desde que ingressou na política sempre dedicou especial atenção ao combate a violência contra a mulher. Ela exerceu o cargo de Coordenadora Especial da Mulher na Prefeitura de Londrina durante o período de 1993 a 1996, e é membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, órgão vinculado ao Ministério da Justiça. “Esta é uma questão gravíssima, e por isso as delegacias da mulher, criadas em 85, têm papel fundamental. O problema é que elas não chegam a cem e estão, na grande maioria, sucateadas. Não há a concepção no Brasil de que esta questão tem que ser tratada como política pública”, afirma.
Elza diz ainda que não adianta haver delegacias se não forem criados abrigos para mulheres vítimas de violência doméstica. “Se uma mulher denuncia o marido e depois volta para casa ela acaba sendo morta. O abrigo é um instrumento importante, mas no Paraná não existe nenhum”, diz. Segundo ela, em Londrina foi aprovado um projeto para a construção, mas ainda não foi instalado.
Ação
Os números da violência são assustadores. De acordo com a deputada, a cada dois minutos uma mulher sofre um tipo de violência no Brasil. “A maioria da violência é praticada dentro de casa, pelo marido, companheiro ou alguém da família”, conta.
Para que mais casos sejam divulgados e que medidas sejam tomadas, Elza considera fundamental a participação do governo federal. “Até agora tudo o que tem acontecido deve-se a briga das mulheres, ao movimento delas. A partir do momento em que o governo federal assume, a situação só pode mudar de figura. Nunca este assunto foi tratado com a devida importância, e espero que a partir de agora as coisas comecem a mudar”, diz.