A votação que definiu hoje a posição de independência do PV para o segundo turno teve apenas quatro votos, de um total de 92, a favor do apoio a um dos presidenciáveis, sem especificar qual. Em três horas de convenção, realizada hoje em São Paulo, nenhum partidário do PV defendeu abertamente a posição de apoio a um dos dois candidatos do PT ou PSDB.

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Os quatro votos favoráveis foram o do secretário municipal do Verde da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Jorge, da presidente estadual do PV no Espírito Santos, Sidnéia Fontana, o secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo, Marcos Belizário, e um militante do partido que não foi identificado. O candidato derrotado ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira, votou pela independência. “É a sociedade que vai dar o tom e apontar o caminho”, disse Gabeira.

Com a decisão de hoje, os militantes que decidirem manifestar apoio à petista Dilma Rousseff ou ao tucano José Serra não poderão utilizar símbolos do PV ou falar em nome do partido. Dirigentes e diretórios nacionais e estaduais do PV estão proibidos de declarar seu voto nessas eleições ou se manifestar a favor ou contra algum candidato. Gabeira, no entanto, que já declarou seu apoio a Serra, pode fazê-lo porque não é dirigente do partido, assim como outros membros que não ocupem posição de liderança – Gilberto Gil e Zequinha Sarney, por exemplo.

Entre os destaques do PV que participaram da convenção hoje, estava o deputado federal eleito pelo Maranhão e filho do presidente do Senado, Zequinha Sarney. Ele também defendeu a posição de não dar apoio oficial a nenhum presidenciável. “A melhor decisão é a independência”.

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Durante os discursos, o vice-presidente nacional do PV, Alfredo Sirkys, deu um parecer sobre o acolhimento das propostas do PV pelo PSDB e pelo PT. Segundo ele, o PT foi o partido que sinalizou maior interesse nos pontos sugeridos pela plataforma de Marina Silva. “O pessoal da Dilma foi mais completo (na avaliação das propostas do PV)”, afirmou. Sirkys criticou a carta encaminhada pelos tucanos e assinada pelo presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, e disse que o texto assinado por Dilma foi mais programático. Segundo ele, a carta do PSDB teve um tom mais político e deu “a impressão de ter sido feita às pressas”.

O vice-presidente do PV reforçou que o fato das candidaturas terem se comprometido com alguns dos 10 itens propostos pelo PV não significam que esses compromissos serão efetivamente cumpridos. “É um compromisso que eles estão assumindo perante os eleitores”, ressaltou.

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Aborto

Em seu discurso na convenção, Gabeira criticou o debate em torno da questão da legalização do aborto e propôs que o PV prepare uma pauta de sugestões sobre o tema e as encaminhe aos partidos que seguem na disputa ao segundo turno das eleições presidenciais. “No nosso caso, não é uma questão de salvar nossas almas, é salvar as adolescentes e os mais pobres”, disse. Segundo ele, essa pauta de sugestões deve ser voltada para campanha de conscientização e melhora da assistência pré-natal.

Outro tema que teve destaque na convenção do PV foi a reforma política, defendida pelo ex-candidato ao Senado por São Paulo Ricardo Young. “Temos que nos debruçar agora sobre a reforma política”, sugeriu.