Aparelhos da Abin permitem fazer escuta, atesta laudo

Laudo elaborado por engenheiros do Exército e entregue ao Palácio do Planalto comprova que dois dos equipamentos apresentados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para ser periciados são capazes de fazer interceptações telefônicas, conforme informações obtidas pelo jornal O Estado de S.Paulo. Para isso, no entanto, ressalva o laudo, tais equipamentos devem ser acoplados a outros.

Não há informação se a Abin possui esses equipamentos que precisam ser acoplados para que se proceda a escuta telefônica, já que coube à agência de inteligência escolher os equipamentos para que o Exército periciasse. Cerca de dez aparelhos foram analisados. Ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim, reafirmou que a Abin tem aparelhos capazes de fazer grampos.

A perícia atendeu a pedido do Gabinete de Segurança Institucional, que desejava eliminar suspeitas sobre seu trabalho. O resultado do laudo provocou tensão no Planalto. Um grupo de assessores propôs filtrar as conclusões dos militares para divulgar a versão de que a maleta da Abin era incapaz de fazer escutas, ignorando a ressalva do laudo que revela o potencial ofensivo do equipamento quando acoplado a outros aparelhos.

Não bastasse a divergência técnica, um componente político contribuiu para que o Palácio adiasse a divulgação oficial do laudo, prevista para hoje. Se a nota do Planalto optasse por afirmar a idoneidade do equipamento da Abin, Jobim sairia desmoralizado. A solução foi optar pela divulgação do laudo por Jobim em seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, na próxima semana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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