Na convenção do PT que oficializou ontem sua candidatura ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff prometeu fazer um governo de “união de forças” e vestiu o figurino de herdeira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no inventário petista. Numa espécie de simbiose com seu padrinho político, ela disse que, eleita, continuará o “Brasil de Lula”, com alma e coração de mulher.
“Sei como buscar a união de forças e não a divisão estéril”, afirmou Dilma. “Sei como estimular o debate político sério e não o envenenamento, que não serve a ninguém.” Foi, na prática, um recado ao adversário do PSDB, José Serra, para quem o governo do PT joga “pobres contra ricos” e quer dividir o País. Ex-ministra da Casa Civil, ela prometeu “aprofundar o olhar social”, “governar para todos” e “erradicar a miséria”.
Ao lado do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), candidato a vice em sua chapa, Dilma investiu no discurso agregador, contra a divisão do País, dando estocadas em Serra e na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Embora sem citar o nome dos tucanos, não deixou dúvidas sobre quem falava.
Estorvo e carga
“Historicamente, quase todos os governantes brasileiros governaram para um terço da população. Para muitos deles, o resto era peso, estorvo e carga”, alfinetou a candidata do PT. “Falavam que tinham que arrumar a casa primeiro. Falavam e nunca arrumavam, porque é impossível arrumar uma casa deixando dois terços dos filhos ao relento, à margem do progresso e da civilização.”
Dilma comparou o Brasil de gestões passadas a “uma casa dividida”, marcada pela injustiça e pelo ressentimento. Aliado do PSDB no governo Fernando Henrique, Temer afirmou que o PMDB entrará “com a sua alma” na campanha. “A classe média, convenhamos, foi ao paraíso no governo Lula”, disse.
A candidata do PT dedicou boa parte do pronunciamento à apresentação de linhas gerais de seu programa de governo, como reforma política e ampliação dos investimentos em educação. “Continuar não é repetir. É avançar.”
Sem responder diretamente às críticas do rival, que durante convenção do PSDB, na véspera, disse não ter caído de paraquedas na política, Dilma pregou um “debate de alto nível”. Avisou, porém, que vai confrontar “projetos e programas”. A estratégia do comando petista prevê uma campanha plebiscitária entre Dilma e Serra.
“Vamos esclarecer ao povo que somos diferentes dos outros candidatos. Mas, depois de eleitos, governaremos para todos, como fez Lula, o presidente que mais uniu os brasileiros”, argumentou a ex-ministra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.