A desistência do senador José Sarney (PMDB-AP) de buscar um novo mandato não foi festejada pelo governo, mas também não foi lamentada. Com ele fora de Brasília, governo e PT calculam que voltarão a ter domínio completo sobre o setor de energia, a principal área de influência do ex-presidente.

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Um auxiliar da presidente Dilma Rousseff comentou que Sarney sempre foi um fiel aliado para o governo desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, mas soube cobrar caro por isso. A partir de 2005, quando a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, foi para a Casa Civil substituir José Dirceu, ele passou a dominar as nomeações para o setor elétrico, a começar pelo cargo de ministro.

De acordo com um petista que conhece o setor de energia, depois da eleição de outubro não há dúvida de que a situação vai mudar. Se a oposição vencer, já foi anunciado que haverá mudanças na área de energia. Se Dilma for reeleita, ela não terá mais um aliado a exigir o monopólio das indicações. Neste último caso, na avaliação do petista, nem o PMDB terá forte influência no setor, visto que Dilma pretende nomear para ele pessoas de sua confiança.

Mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), deverá tentar herdar a influência de Sarney no setor, sob o argumento de que a pasta cabe ao PMDB do Senado. O PMDB-RJ também tem interesse. O ex-governador Sérgio Cabral sempre sonhou ser ministro da área. Sem Sarney, além do ministro Edison Lobão, ao menos outras duas vagas importantes devem se abrir: a presidência de Furnas e a presidência do Conselho de Administração da Eletronorte, ocupadas, respectivamente, por Flávio Decat e José Antonio Lopes, homens do ex-presidente. (Colaborou João Villaverde). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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