O presidente do PSDB, José Aníbal, em coletiva ao lado de Beto Richa. |
O presidente nacional do PSDB, José Aníbal, disse ontem em Curitiba que a única área do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que funciona é a econômica, mas que se limita a copiar a agenda do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Convidados da direção paranaense para a convenção estadual do PSDB, Aníbal e o líder do PSDB no Senado, senador Artur Virgílio, revezaram-se nas críticas ao governo do PT, que Aníbal classificou como “autoritário e arrogante”.
Virgílio afirmou que a oposição é a única novidade no país depois da eleição de 2002. “Eles se opuseram ao Brasil para chegar ao poder. Nós, ao contrário, fazemos de tudo para que eles acertem. O que mudou mesmo foi a oposição, que é melhor, é mais patriótica e mais séria”, atacou o líder do governo no Senado.
Virgílio comentou as declarações do presidente da República na África, considerada a maior gafe de Lula até agora, quando deixou escapar que as cidades africanas eram tão bonitas que nem pareciam daquele país. “O presidente Lula tem a cabeça de branco colonizador ou de negro colonizado”, definiu.
Para Aníbal, o governo de Lula ainda não saiu do campo das promessas e tem se destacado mais pelo que chamou de “manipulação da máquina pública” do que por ações de governo. “Este governo fala muito, mas do ponto de vista prático, não trouxe nenhuma inovação”, comentou o dirigente nacional tucano. Segundo ele, o que resta é o prestígio pessoal de Lula, que ainda usufrui de uma reserva de credibilidadde no imaginário popular, mas que pode se esgotar a qualquer momento.
Virgílio afirmou também que a força do governo no Congresso também não será permanente. “Todo o governo tem força parlamentar no começo. Depois a mágica desaparece e a realidade aparece”, afirmou o líder tucano. Ele disse que as reformas da previdência e tributária não promovem as mudanças que o país necessita e que ao se opor às propostas, o PSDB está tentando aperfeiçoá-las.
O presidente nacional do partido ilustrou o que considera o descompromisso do PT com o projeto que apresentou para o país no ano passado com o tratamento dado ao programa do ensino profissionalizante, que teve as verbas suspensas pelo governo. “O presidente Lula é fruto do Senai. Foi o Senai que deu a ele a possibilidade de sonhar. E agora acabam com o programa”, disse o dirigente tucano.
Sob nova direção
Aníbal confirmou que deixará a presidência do partido no próximo 21 de novembro, quando o PSDB realiza convenção nacional para escolher uma nova direção. De acordo com o atual presidente, o ex-candidato à presidênciad a República e ex-senador José Serra é até agora o único postulante ao cargo e deverá ser confirmado no comando do partido.
Tucanos reconduzem vice-prefeito
A convenção estadual do PSDB, realizada ontem no restaurante Madalosso em Curitiba, reconduziu o vice-prefeito de Curitiba Beto Richa à presidência do partido e sinalizou que os tucanos estão procurando um substituto para o PFL como aliado nas eleições municipais do próximo ano. O prefeito Cassio Taniguchi (PFL) foi à convenção, mas não foi suficiente para convencer Beto, lançado como pré-candidato do partido à prefeitura, que terá o apoio pefelista na sucessão municipal.
Beto convidou e compareceram ao encontro lideranças do PDT, PPS, PP e PSB, partidos com os quais os tucanos vêm negociando uma aliança para disputar a prefeitura em 2004. O presidente estadual definiu como um “gesto elegante” a presença de Taniguchi na convenção, mas acha que a postura do prefeito não anula a resistência do presidente estadual do partido, deputado federal Abelardo Lupion, a um acordo para apoiá-lo no próximo ano. “Nós estamos abertos ao diálogo e à reaproximação se for o caso, mas depende do PFL”, afirmou o presidente reeleito. Segundo o tucano, Lupion somente aceita conversar sobre coligação para o segundo turno.
Taniguchi disse que PFL e PSDB, assim como o PSB, estão unidos na administração de Curitiba, e que considera natural que os três partidos tenham seus pré-candidatos nesta fase do processo eleitoral, sem que isso prejudique uma futura composição. “Este é o momento de todos os partidos lançarem candidaturas próprias. Depois, nós vamos sentar e conversar para ganhar a eleição”, disse.
Os tucanos têm avançado nas negociações com o PDT. O presidente estadual do PDT, senador Osmar Dias, foi à convenção e confirmou que as conversas estão adiantadas para um acordo eleitoral. Mas deixou claro que a condição para que uma aliança entre os dois partidos vingue em 2004 é que o acordo seja vinculado à disputa para o governo em 2006. “Nós avançamos porque existe a promessa de que o acordo de 2004 vai valer para 2006. O PDT só senta para conversar se for sobre uma aliança duradoura”, afirmou.