Reluz em um cofre da mundialmente conhecida Sotheby’s de Manhattan um anel de rubis e diamantes registrado em nome do deputado e ex-prefeito Paulo Maluf (PP-SP), de uso de sua mulher, Sylvia Lutfalla Maluf. O valor da joia é estimado entre US$ 120 mil e US$ 150 mil.
O Tribunal de Nova York decidiu manter a peça sob confisco para possivelmente leiloá-la em breve – o montante arrecadado será usado para cobrir despesas da Justiça americana com o processo em que Maluf é réu por envolvimento em suposto esquema de propinas e remessas ilegais de divisas.
A investigação mostra que o anel foi colocado à venda em 2003 na tradicional casa de leilões – que inaugurou sua primeira loja em Londres, nos idos de 1744. Na ocasião, ‘ruby and diamond ring’ foi destaque em um catálogo de itens. Em 2007, promotores de Nova York, algozes dos Maluf, descobriram o adorno de Sylvia em uma galeria da Sotheby’s e prontamente requereram o embargo. Já naquela ocasião, em primeiro grau, a Justiça acolheu o pleito.
É um esplendor, assim descrito: rubi de 7,25 quilates, emoldurado por 18 diamantes em forma de marquise montada em platina e ouro 18 quilates.
O bem está vinculado aos autos do processo judicial em que Maluf e seu primogênito, Flávio, são formalmente denunciados por roubo – classificação penal que os Estados Unidos imputam a acusados por operações financeiras sem conhecimento das autoridades monetárias.
Nos anos 1990, o doleiro Vivaldo Alves, o Birigui, transferiu US$ 11,5 milhões para conta da família Maluf no Safra National Bank, de Nova York. A fonte do dinheiro seriam desvios de recursos de grandes obras viárias da gestão Maluf, entre 1993 e 1996, na Prefeitura de São Paulo. Birigui assumiu o papel de delator. Suas revelações provocaram ordem de prisão contra Maluf pela Justiça Federal em São Paulo. O ex-prefeito, em 2005, ficou sob custódia da Polícia Federal durante 41 dias.
Em 2009, a promotoria americana impôs aos Maluf, pai e filho, o mais pesado revés.Seus nomes foram lançados na difusão vermelha – alerta máximo da Interpol, a Polícia Internacional -, índex dos mais procurados em 190 países que limita os deslocamentos do alvo. Maluf pode ser capturado se ingressar em território que integra a grande comunidade policial.
Os promotores destacam que o anel “está em nome de Paulo Maluf e, possivelmente, pertencia a Sylvia Maluf”. O ex-prefeito pode pedir sua devolução. Para tanto terá de comparecer pessoalmente perante a corte dos Estados Unidos, mas um drama pessoal o atormenta: se assim o fizer, inapelavelmente ouvirá voz de prisão.
Em São Paulo, o promotor de Justiça Silvio Marques confirmou que sabia da existência do anel.
Os investigadores concluíram que parte do dinheiro de Maluf transitou por Manhattan e seguiu para a Ilha de Jersey. Na última semana, a corte daquele paraíso fiscal liberou 800 mil libras esterlinas que serão remetidas nos próximos dias para os cofres da Prefeitura paulistana – em maio, um primeiro lote, de 1,4 milhão de libras, havia sido repassado.
O ex-prefeito nega categoricamente que tenha enviado recursos para fora do Brasil. Por meio de sua assessoria de imprensa, ele é enfático. “Não tenho e nunca tive conta no exterior.”
Sobre a pedra preciosa de Sylvia, que o Tribunal de Nova York manteve sob confisco, a assessoria de Maluf desdenhou. “Podem leiloar à vontade. Façam bom proveito. O anel não é de dona Sylvia. Não tem joia nenhuma dela em Nova York. O verdadeiro dono não deverá achar muito bom.” As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.