Anastasia vence e enfraquece cúpula do PT mineiro

O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), 49 anos, reelegeu-se hoje com uma vitória tripla. Além de vencer o ex-ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), na corrida pelo governo, praticamente dizimou a cúpula do PT mineiro que disputou as eleições, e ainda impôs uma derrota pessoal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Foi graças ao prestígio político do ex-governador Aécio Neves que Anastasia estreou nas urnas com a vitória da chapa completa do PSDB. Aécio chega ao Senado como expoente do segundo maior colégio eleitoral do País, elegendo-se senador em dobradinha com o aliado Itamar Franco (PPS). Restou ao presidente Lula comemorar a vitória de sua candidata a presidente Dilma Rousseff, que teve o dobro de votos do tucano José Serra no Estado.

Mas o resultado expressivo dos tucanos sobre a “turma do Lula”- como se intitulavam os aliados da aliança PT-PMDB -, porém, não pode ser comemorado em razão da morte do pai do ex-governador. No dia em que o filho foi eleito senador, Aécio Ferreira da Cunha, de 83 anos, faleceu à tarde em Belo Horizonte, em decorrência de insuficiência hepática.

Ao se eleger senador, o ex-presidente Itamar derrotou a mais jovem e promissora liderança petista no Estado – o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, que disputava a segunda vaga ao Senado. Junto com ele, também fica sem mandato o primeiro suplente Virgílio Guimarães, que foi o deputado mais votado da bancada federal do PT em 2006.

Foi Lula quem patrocinou o acordo entre o PMDB e o PT de Minas, para assegurar a aliança nacional entre os dois partidos e assim tentar catapultar a eleição da candidata petista Dilma Rousseff. Em sua derrota, Hélio Costa arrastou também o ex-ministro do Bolsa Família, Patrus Ananias (PT), que a pedido do presidente da República assumira o posto de vice governador na chapa peemedebista.

A derrota do time de Lula não surpreendeu petistas nem peemedebistas mineiros. Quando votou hoje de manhã, acompanhado de Patrus Ananias e Pimentel, Costa mal conseguia disfarçar o desânimo com a derrota iminente – a terceira na disputa pelo governo mineiro, que também perdeu nas eleições de 1990 e 1994.

Tampouco escondeu o descontentamento com o apoio parcial dos petistas durante a campanha. Embora tenha afirmado que confiava na ocorrência do segundo turno, fez questão de fazer um “imenso agradecimento” ao “companheiro” Patrus. Não citou Pimentel, que segundo o grupo mais próximo de Costa, entrou tarde demais na campanha e não se empenhou pela vitória porque não se conformou de não ser ele o candidato a governador.

O ex-ministro petista, por sua vez, demonstrou resignação com o revés e ressaltou a “dimensão pedagógica” da campanha eleitoral. “Levamos nossa contribuição para elevar o nível político, consciência política e cidadania do povo de Minas Gerais.”

Apesar da derrota tripla, o PT mineiro não se queixou de Lula. Em conversas reservadas, Pimentel avaliou nos bastidores que o presidente fez o que precisava ser feito para minimizar o risco da eleição nacional.

“O preço pago pelo PT de Minas não foi alto nem baixo; foi o preço necessário. Dilma precisava da aliança com o PMDB a qualquer custo”, disse Pimentel a um interlocutor. Um de seus mais próximos aliados lembrou que, no momento em que o petista abriu mão da candidatura a governador e aceitou disputar o Senado, era “voz corrente no Estado”, que ele seria um candidato mais competitivo do que Hélio Costa para enfrentar Aécio e Anastasia. “Paciência”, devolveu Pimentel. “O que importa é que fizemos uma boa campanha e dar vitória a Dilma em Minas”.

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