A poucos meses da aposentadoria dos caças Mirage 2000 B/C, núcleo da envelhecida linha de frente da Força Aérea Brasileira (FAB), prevista para 31 de dezembro de 2013, o ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou nesta terça-feira não ter “bola de cristal” para dizer se o Brasil fechará ainda este ano a compra dos novos jatos de combate. Na abertura da 9.ª Laad Defesa e Segurança 2013, feira de armamentos bianual que se realiza no Riocentro, o ministro destacou a “urgência” do Projeto FX-2, que prevê a compra de 36 modernos caças de combate e é avaliado em até US$ 3 bilhões (cerca de R$ 6 bilhões), mas não mencionou prazo para conclusão. O negócio arrasta-se desde o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), quando começou ainda como FX-1, e é disputado pela Boeing (EUA), Dassault (França) e Saab (Suécia).

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“Tenho grande expectativa (sobre o fechamento do negócio ainda este ano), mas não tenho bola de cristal”, afirmou, com certa irritação, ao lado do vice-presidente Michel Temer. Um pouco antes, no discurso de abertura, Amorim destacou: “O governo tem plena consciência a urgência do Projeto FX-2, que deverá se realizar levando em conta tanto aspectos operacionais quanto aspectos de transferência de tecnologia.” Em 2006, o projeto foi remodelado e ampliado, passando de FX-1 para FX-2.

Desenvolvidos nos anos 1980, os 12 Mirage 2000 B/C da FAB deixarão de voar, oficialmente, em 31 de dezembro de 2013, segundo o Livro Branco de Defesa Nacional. Deveriam ser substituídos, a partir de 2015, por novos caças – a disputa está entre o Super Hornet da Boeing, o Rafale da Dassault e o Gripen da Saab. Cortes de verbas, inicialmente, e dúvidas posteriores cercando a transferência de tecnologia, considerada inegociável pelo governo brasileiro, atrasaram o projeto. Até a chegada dos novos aviões, os Mirage serão substituídos por caças Northrop F-5 Tiger II, reformados pela Embraer. Apesar da remodelação, são aviões mais antigos do que os de países vizinhos, como Peru e Venezuela, e sua vida útil também não será longa: acabará em 2020.

Paz

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No discurso, Amorim destacou o caráter pacífico do Brasil nas relações internacionais e a ausência de conflitos no entorno do País. Reconheceu que, nesse cenário, os investimentos brasileiros no reequipamento para defesa pode parecer um “paradoxo”, mas fez uma defesa firme dos aportes nas Forças Armadas, iniciados no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mantidos na gestão da presidente Dilma Rousseff.

“A resposta a esse paradoxo é que o mundo é imperfeito”, disse. “Os conflitos não foram banidos da face da Terra. Novas ameaças têm sido sempre sublinhadas. Novas ameaças que proveem do terrorismo, que proveem dos fundamentalismos da mais variada origem, que proveem também de outras ações, como a pirataria ou criminalidade internacional. Mas também existem as velhas ameaças. Em todos os estudos estratégicos que encontramos, sempre vemos referência à escassez crescente de recursos. Coincidentemente, o Brasil, e também a América do Sul neste caso, detêm com abundância esses recursos. Falo de energia, da biodiversidade, da capacidade de produção de alimentos, falo da água. Esses recursos têm de ser defendidos, em benefício das nossas populações.”

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