Candidato favorito para assumir a presidência da Câmara, o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) disse nesta terça-feira que sabia do vínculo de seu ex-assessor Aluizio Dutra de Almeida com a empresa Bonacci Engenharia e Comércio Ltda, mas nega que tenha favorecido o assessor ou a empresa dele. Alves afirmou também que não tem responsabilidade de fiscalizar como são feitas as licitações e convênios para a destinação dos recursos públicos.
“Ele não recebeu recursos públicos. A empresa da qual ele era cotista recebeu. Tanto que o mantive esse tempo todo sem realizar nenhuma ingerência nessa área”, afirmou. O jornal Folha de S. Paulo revelou que Almeida é sócio da Bonacci, empresa que recebeu dinheiro público de emendas parlamentares do próprio Alves e de projetos do governo federal. Nesta segunda-feira (14), após a denúncia, o assessor deixou o cargo. Sobre a exoneração, Alves disse que ele saiu para “não criar embaraço político”.
Para Alves, a fiscalização do destino dos recursos aprovados por emendas parlamentares é atribuição do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da União. “Eu sou um lutador árduo por emendas, por convênios para o município que é pobre, para o Estado que é pequeno, do Nordeste brasileiro”, disse, referindo-se ao Rio Grande do Norte, pelo qual é eleito, e também a prefeituras do Estado. “Esse é o trabalho que eu faço. A partir daí, a partir da hora que isso é obtido, quem cuida são os gestores públicos, órgãos de fiscalização”, completou.
O deputado disse que Almeida, que foi seu assessor nos últimos 13 anos, é apenas cotista da empresa Bonacci Engenharia e Comércio Ltda. Ele teria se afastado da gestão da empresa, ao ter sido aprovado em um concurso público em 1986, cumprindo exigência legal para assumir o cargo. “Em 1986, ele se desligou da empresa e passou a manter apenas cotas que são seu patrimônio, da sua família. Ele continuou, mas sem nenhuma gerência executiva na empresa desde 1986”, disse o deputado.
Alves invocou seu histórico parlamentar para refutar as acusações. “Quem tem 42 anos de Parlamento, 11 mandatos, o que for para ser esclarecido, será. O que for para ser dito, será. O que for para ser corrigido, será. Só que, neste caso, está sendo claramente dito qual é o meu papel, qual é a minha tarefa que continuarei a fazer”, afirmou o deputado, insistindo que, como parlamentar, deve continuar lutando pela liberação de verbas parlamentares para municípios de seu Estado.
O deputado federal esteve nesta terça reunido com o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), na primeira de uma série de viagens em busca de apoio político para sua candidatura à Câmara dos Deputados. No roteiro, estão mais 12 Estados. Ele também almoçou com parlamentares gaúchos de todas as legendas em busca de apoio político.