Futuro líder do PSDB no Senado, o paranaense Alvaro Dias disse que apesar da ampla maioria que a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) terá no Congresso Nacional, ela poderá encontrar dificuldades para conter a ambição de seus aliados e para tomar medidas drásticas para corrigir algumas heranças que o presidente Lula deixará.
Segundo Alvaro, Dilma receberá de seu antecessor um Estado inchado e com muitas despesas correntes e, devido ao grande número de aliados que terá que acomodar, será difícil conseguir frear essas despesas.
“O governo Dilma terá dificuldades. Lula teve um antecessor que preparou o cenário de tranqüilidade econômica e, assim pôde colher esses frutos que o levaram a tanta popularidade. Dilma não teve essa mesma sorte. Pega um Estado que engordou demais, com despesas correntes que aumentaram excessivamente e uma política de crédito artificial. Tudo isso vai exigir providências drásticas e isso será desgastantes, vamos ver algumas turbulências daqui para frente”, previu o senador tucano, um dos nomes mais fortes que Dilma terá como oposição.
O senador pondera que a maioria governista no Congresso pode acabar pressionando a nova presidente. “Essa maioria esmagadora, de um lado é benéfica para o governo, que terá facilidade no Congresso, mas também é um complicador, porque a presidente eleita terá de administrar pretensões, pois os aliados vão querer pleitear espaço com a volúpia de sempre, o que vai exigir da nova presidente habilidade e competência política”, avalia o senador.
Para Alvaro, a derrota de José Serra (PSDB) não foi surpresa, “porque a disputa foi desigual. De um lado uma máquina poderosa, a utilização da máquina pública de forma abusiva. De outro, uma estrutura inferior”.
Alvaro defende que a eleição de 2010 sirva de exemplo para mudanças na legislação eleitoral. “Nesta campanha, tivemos uma série de multas por descumprimento da lei, mas as multas são irrisórias, não desestimulam a prática do ilícito. Na relação custo-benefício, a multa acaba sendo um benefício”, disse, reclamando do uso do aparelho do estado pela campanha de Dilma.
O senador fez um mea-culpa ao admitir que a complacência da oposição com o atual presidente favoreceu a alta popularidade de Lula e a transferência de votos para Dilma.
“Não podemos ser tão drásticos a ponto de afirmar que não houve oposição. Houve sim, mas não conseguimos dar volume a essa oposição. Ficou desigual a proporção do apoio com a oposição. Aí, é claro que prevalece, uma mentira repetida insistentemente acaba tornando-se verdade. Agora, a oposição vai ter que aprender com os erros, se organizar melhor e fazer uma oposição ativa, mais contundente”, disse.
Sobre o futuro do PSDB, Alvaro disse que o momento é de discutir ações dos governos eleitos e das bancadas no Legislativo e não pensar nas próximas eleições. Mas ele comentou o até logo dado por Serra.
“È muito bom que ele tenha essa disposição de continuar, afinal são 45 milhões de votos que não podemos descartar. Mas a eleição terminou, não vamos continuar falando de eleições, senão vamos nos desgastar. Principalmente se falarmos de nome. Lançar um nome agora, só se quiser queimar alguém”, concluiu.