Vencido pela executiva do PSDB, que decidiu orientar o voto da bancada tucana contra o governo na Assembléia Legislativa, o senador Alvaro Dias afirmou ontem que a decisão vale como manifestação de vontade política, mas não tem força para produzir conseqüências para os deputados que estão na base de apoio do Palácio Iguaçu.
Alvaro definiu o resultado da reunião como uma ?involução?, que segundo ele se verifica em várias áreas, mas que é marcante na política do Paraná e do país. ?O que é isso de um partido se reunir para anunciar que é oposição? Se fosse há quatro anos, ainda teria sentido. Mas agora, quando já se sabe quem é e quem não é de oposição…?, criticou.
Para o senador, não há como aplicar a resolução que ameaça desligar os deputados que votarem com o governo. ?Como um gesto político vale, mas judicialmente não tem sustentação. Não há como determinar que os deputados votem desta ou daquela maneira. Eu faço oposição implacável ao Lula, mas voto a favor dele quase todo o dia?, comentou o senador, explicando que faz severas críticas ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas que votará a favor. Ele disse ainda que não é possível imaginar um deputado sendo expulso depois de votar com o governo num projeto de interesse do estado.
Alvaro lembrou que, durante a administração de Jaime Lerner, quando o PSDB era presidido pelo ex-deputado Hélio Duque, o partido era oposição ao governo e todos os deputados votavam com o Palácio Iguaçu. ?Nenhuma atitude foi adotada contra os deputados?, destacou.
Amizades
Ao contrário do que sugeriram alguns dos seus desafetos internos no partido, Alvaro disse que não está se reaproximando do PMDB. Pela simples razão de que nunca cortou seus vínculos com o antigo partido, afirmou. ?Eu nunca me afastei do PMDB. Todos os meus mandatos, à exceção dos dois últimos, foram exercidos no PMDB. Convivi com essa gente a vida inteira. Sou amigo de todos eles. Tive problemas com o atual governador, mas jamais com o PMDB. Estou próximo e sempre estarei. E não há mal nenhum nisso?, disse o senador.
Ele afirmou que sua posição é a mesma que vem mantendo há vários anos. Desde 2003, Alvaro disse que nunca mais entrou no Palácio Iguaçu. ?Eu estou na mesma posição de sempre. Ao contrário de alguns, que agora estão exigindo oposição ao governo, mas que até apoiaram o governador atual no segundo turno da eleição de 2002 e no primeiro turno do ano passado. As contradições existem?, comentou.
O senador tucano deixou claro que considera prematura a discussão de candidaturas ao governo e principalmente alianças para 2010. ?Alianças são sempre possíveis, mas é cedo para prever o que vai acontecer. Porque tudo depende da legislação e da conformação do quadro partidário. É cedo demais para se fazer projeções?, afirmou.
Alvaro afirmou que, neste momento, qualquer manifestação a respeito de aliança para a sucessão estadual é apenas a expressão de uma vontade. ?Manifestar vontades é possível, mas garantir que a legislação vai permitir é outro momento?, disse o senador, citando que tudo pode acontecer, até mesmo mudanças partidárias.
Mas se o processo da sucessão não está na agenda do governo, as eleições municipais do próximo ano já tomam boa parte do seu tempo dedicado ao partido. ?Esta semana, foi uma verdadeira avalanche de prefeitos no meu gabinete. Não estou pensando em quem deve ser candidato em 2010. Mas sim no próximo ano e para isso acho que é preciso buscar o consenso e o entendimento no partido?, disse.
