| Walter Alves |
O debate entre os candidatos ao governo do Paraná realizado na noite de ontem na TV Iguaçu foi marcado pela ausência de Alvaro Dias (PDT) e Beto Richa (PSDB). Ambos foram duramente criticados pelos concorrentes presentes, Roberto Requião (PMDB), Padre Roque Zimmermann (PT), Rubens Bueno (PPS), Severino Araújo (PSB), Giovani Gionédis (PSC) e Cirus Itiberê (PSD).
Beto Richa justificou o não-comparecimento alegando compromissos de campanha inadiáveis no interior do Estado. Já Alvaro Dias questionou a imparcialidade da emissora, afirmando que a TV Iguaçu “não é campo neutro”, referindo-se ao fato de a empresa ser pertencente a Paulo Pimentel, candidato do PMDB ao Senado.
Transmitido ao vivo para todo o Paraná, o debate foi divido em cinco blocos e durou cerca de duas horas. Desde o início ficou claro que a relação entres os candidatos seria cordial ou, em alguns casos, como entre Requião e Padre Roque, até mesmo amistosa. O candidato do PMDB chegou a elogiar o petista, por sua participação na CPI nacional do narcotráfico. As hostilidades foram quase todas dirigidas a Alvaro, Beto Richa e ao governo de Jaime Lerner.
No primeiro bloco, os candidatos responderam a perguntas formuladas pelo mediador, jornalista Alexandre Zraik. As críticas a Alvaro começaram quando Rubens Bueno foi questionado sobre o fato de o candidato a Presidência de seu partido, Ciro Gomes, ter dado preferência ao palanque do ex-governador. Bueno afirmou não estar magoado com Ciro. “Só espero que ele não tenha sido contaminado pela banda podre da política paranaense”, afirmou.
No segundo bloco, quando candidato perguntava para candidato, Requião e Padre Roque partiram para o ataque contra Beto Richa. Roque questionou ao senador sua posição sobre a denúncia de existência de um caixa 2 na campanha de Cassio Taniguchi, que tinha Beto como vice, para a Prefeitura de Curitiba em 2000. “É por isso que ele não veio ao debate”, afirmou Requião, que disse ter a certeza que Cassio terá seu mandato cassado e que Beto também tem responsabilidade no caso.
Em meio aos ataques a Alvaro e Beto, sobrou espaço para a discussão de algumas propostas de governo. Giovani Gionédis ressaltou sua proposta de enxugamento da máquina administrativa, através da redução do número de secretarias. Já Cirus Itiberê apresentou uma plataforma voltada para o esporte. O candidato do PSD, que estava acompanhado do presidente da Federação Paranaense de Futebol e candidato a deputado estadual, Onaireves Moura, elogiou as administrações da FPF e da CBF.
Rubens Bueno destacou seu projeto de reflorestamento. Requião, a distribuição de leite e isenção de tarifa de energia elétrica para famílias de baixa renda. Severino Araújo defendeu uma política estadual de reforma agrária. Já Padre Roque destacou a geração de empregos e o combate à corrupção.
No final, os candidatos foram unânimes em declarar que a ausência no debate prejudicou as candidaturas de Alvaro Dias e Beto Richa. “Esta eleição está muito politizada. O povo ainda não está decidido. Tenho certeza que os candidatos que não compareceram aqui hoje vão se arrepender amargamente”, afirmou Padre Roque.
“Eles fugiram, pois não querem dar explicações sobre uma séries de questões”, disse Requião. “Acho que cada um perdeu cinco pontos hoje.”