Em casa que falta pão, todos gritam e ninguém tem razão. Pão não faltou, mas voto, sim. Este aglomerado político não logrou êxito no segundo turno das eleições municipais recentes. União partidária oficial em Curitiba. Em Maringá, Londrina e Ponta Grossa, apoio ostensivo aos candidatos petistas. As paradas foram duras. O desgaste dos governos até a metade de seu mandato é, historicamente, inevitável. Os resultados começam a aparecer a partir da segunda parte do penúltimo ano. Não se pode negar o esforço e dedicação de Requião nessas batalhas.

POSIÇÃO DE ANDRÉ VARGAS – Ainda sob a emoção, temperada de alegria e tristeza, o presidente regional do PT culpou o governador pelo insucesso parcial, pois, em Londrina foi eleito o petista Nedson Micheleti. “As críticas de Requião à política econômica de Lula desorientaram o eleitorado.” “Ele não gerenciou, como devia, os entendimentos entre os dois partidos.” E por aí vai.

REAÇÃO DO PRÓPRIO PT E O REPÚDIO DE CAÍTO – Coube ao presidente do diretório municipal de Curitiba, Roberto Salomão, jogar água na fervura. Agradeceu, por carta, o empenho e o desassombro de Requião. Ressalta sua participação na campanha. “As afinidades e laços fraternais sobreviveram à disputa eleitoral”, declara o líder petista. Caíto entrou na defesa. Condenou a falta de solidariedade de Vargas e classificou-o como “neófito em política, um inexperiente em disputas eleitorais”. “Ele não pode falar em nome do partido”, completou o secretário. Mas falou.

VARGAS DE NOVO – Não consegue reparar os estragos. Agora, sem emoção, o presidente do PT recua. Tenta agradar Requião, mas não poupou o chefe da Casa Civil. Em outras palavras, diz que seu antagonista deve cuidar da vida dele e de seu partido e não se meter nas áreas petistas. O espírito fraterno e dominante na coligação parece em fase de desaparecimento. Para não ocorrer, há necessidade de intervenção do diretório nacional e até do próprio Lula.

REAVALIAÇÃO DA COLIGAÇÃO – Quando se perde uma eleição, os partidos mal-sucedidos são obrigados a analisar com detalhes as causas da derrota. Aqueles que estão no poder devem reestudar as equipes, substituindo os ineficientes. Por vezes, mudar até o estilo de governo, passando por possíveis alterações no comportamento dos seus dirigentes maiores. O reestudo, digamos assim, a correção de rumos, as alterações no quadro funcional e a busca aparentemente utópica da perfeição, são indispensáveis nessas alturas dos acontecimentos. Se esse ritual de reparos não ocorrer, o risco é grande. Pode-se perder as eleições seguintes. O tempo até lá é mais do que suficiente para se colher os resultados das providências eventualmente tomadas.

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