O senador Cid Gomes (PDT-CE) perdeu o cargo de ministro da Educação do governo Dilma Rousseff após chamar deputados do Centrão de “achacadores” ao participar de uma audiência no plenário da Câmara em 2015. Assim como o atual ministro da pasta, Abraham Weintraub, Cid fora convocado numa articulação do Centrão. Ele vê diferenças nos dois momentos, mas diz que o Centrão continua o mesmo.
O sr. já viveu a mesma experiência do ministro Weintraub. O que mudou de lá para cá?
Essa aliança exótica entre a oposição e o Centrão vai se repetir muitas vezes e a Câmara vai ser o local onde isso vai acontecer com mais regularidade. Há um desconforto aí e a oposição está no seu papel.
Na sua vez, o sr. disse ser vítima de achacadores. O centrão continua agindo assim?
Acho que sim. Tem muita gente no Brasil que só sabe fazer política na situação. Não sou daqueles que acha que a classe política é suja. Quem impõe essa dinâmica é o Executivo.
Qual sua avaliação sobre o ministro da educação?
É uma figura exótica. Não tem a menor ideia do que seja educação. Ele foi pra lá porque o governo precisava de alguém de casa para substituir um lunático (o ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez). O atual ministro, além de não ter preparo, vivência e projeto, não sabe o que deseja. É arrogante. Isso instiga as pessoas a reagir.
Onde o governo erra?
O problema desse governo é que não tem projeto, traquejo ou habilidade de diálogo. É uma ala burocrática militar e outra de malucos que põem agendas ridículas que nada tem a ver com os problemas do Brasil. Querem continuar em campanha, tentando fazer contraponto com o PT. Não vejo no presidente (Jair Bolsonaro) e no Onyx (Lorenzoni, ministro da Casa Civil) nenhum traquejo para tentar restabelecer o diálogo. Bolsonaro não é a nova política. Na verdade, é uma negação da política sendo um velho político inexpressivo. Pra mim, é a mais fina flor da mediocridade, da inexpressividade e do despreparo.
Onyx falha na articulação?
Ele quer muito mais agradar ao Bolsonaro do que cumprir a tarefa que ele tem para cumprir. Trabalhou contra a reeleição do Rodrigo Maia à presidência da Câmara. E qual a motivação disso? É óbvio que o ele cumpria tarefa para o Bolsonaro.
Carlos Bolsonaro disse hoje que “o que está por vir, pode derrubar o capitão eleito”. O governo que chega até o final?
O Bolsonaro, não sei se consciente ou por sorte do destino, escolheu um vice com uma patente que, sem entrar no mérito, é tudo o que o Brasil menos precisa nesse momento, um general no poder. A Venezuela está bem ali.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.