O governador Roberto Requião (PMDB) reúne hoje no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, representantes de 19 estados para a formalização do acordo garantindo a criação da Coalizão de Governadores Pró-Etanol Brasileiro. O objetivo é fomentar a produção de álcool etanol (combustível), visando a geração de empregos e a exportação. “Em dois ou três anos, a indústria do álcool poderá gerar 35 mil novos empregos no Paraná”, disse Anísio Tormena, presidente da Associação dos Produtores de Alcopar (Álcool e Açúcar do Estado do Paraná), que se reuniu ontem com o superintendente da Alcopar, Adriano Dias.
Já confirmaram presença autoridades dos estados de São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Alagoas, Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Para apoiar o setor sucroalcooleiro, a coalizão passará a contar com um secretariado executivo e um representante de cada Estado.
A iniciativa dos governadores pró-etanol se justifica em razão de uma série de fatores, como geração de empregos, distribuição de renda e tributos, otimização da área plantada e da capacidade industrial, política agrícola, descentralização industrial, mercado externo, geração de divisas, agregação de valor, adição álcool à gasolina, inversão na balança de importações, inovações tecnológicas (veículos flex fuel, geração de energia elétrica através da biomassa e biodiesel), meio ambiente, crédito de carbono (Protocolo de Kyoto) e criação de um mecanismo institucional que assegure o abastecimento do mercado interno e externo de álcool combustível.
Um dos objetivos da coalizão é estabelecer critérios visando a exportação do produto. “É preciso que a expansão da produção de álcool ocorra nos próximos anos de modo a não tumultuar o mercado, mas voltada, por exemplo, a atender o crescimento do mercado externo”, comentou o superintendente da Alcopar, José Adriano da Silva Dias. A Alcopar vem trabalhando em conjunto com equipe do Palácio Iguaçu na finalização de detalhes para a estruturação do acordo e o evento de amanhã.
Expansão
O Brasil deverá produzir este ano cerca 12 bilhões de litros de álcool, contra 11 bilhões de litros do ano passado, e só a região Centro-Sul deverá responder por um volume de açúcar ao redor de 19 milhões de toneladas, 2,6% acima do registrado no período anterior. A atividade sucroalcooleira, que conta com mais de 300 unidades industriais no País e gera 1,3 milhão de empregos diretos, recupera-se de uma prolongada crise ocorrida na segunda metade dos anos 90, quando o governo deixou a tutela do setor, o que ocasionou, entre outras dificuldades, excesso dos estoques de álcool.
Abaixo de São Paulo, o Paraná aparece como o segundo produtor brasileiro de cana-de-açúcar, açúcar e álcool, com 9% de participação. São 27 unidades industriais que absorvem a produção de 333 mil hectares de matéria-prima (o correspondente a apenas 2,1% das terras agricultáveis do Estado), mas que proporcionam 60 mil empregos diretos. Na safra passada, o Paraná produziu 978 milhões de litros de álcool e 1,468 milhão de toneladas de açúcar, devendo passar este ano para 1,1 bilhão de litros de álcool e 1,5 milhão de toneladas de açúcar. A região de Maringá, no Noroeste, concentra o maior número de unidades produtoras, várias delas entre as mais modernas do País.
Governador não imporá aliança
O governador Roberto Requião (PMDB) não pretende impor uma aliança entre o PMDB e o PT em Curitiba, mas afirmou que se sentiria “constrangido” se tiver que optar entre um candidato do seu partido e um nome do PT na campanha eleitoral do próximo ano. O governador descartou a hipótese de ficar neutro caso PMDB e PT fracassem na tentativa de construção de uma aliança e disputem a eleição com seus próprios candidatos na capital. Requião disse que o PMDB deve, onde for possível, lançar candidatos próprios. Mas acrescentou que sempre que for possível, que o partido faça uma aliança com o PT.
Convite
Requião disse ainda que gostaria de ter a deputada estadual Cida Borghetti (PP) filiada ao PMDB. E sugeriu que a deputada pode ser a candidata do partido à Prefeitura de Maringá.
Requião afirmou que Cida é sua “velha amiga” e que a afinidade política existe desde a campanha eleitoral para a Prefeitura de Curitiba, quando ela participou do núcleo de criação da campanha.
Mudança
O governador também negou que esteja pensando em fazer uma reforma de secretariado. (Elizabete Castro)
Viagem à Espanha trará benefícios, diz Requião
O Paraná receberá uma série de benefícios com a viagem de dez dias que o governador Roberto Requião fez à Espanha. Além de garantir um intercâmbio na área pesqueira e da aqüicultura – setores em que os espanhóis têm alta tecnologia -o governador também acertou acordos para melhorar a infra-estrutura do Porto de Paranaguá e, ainda, planejou a vinda de acervos de obras de arte espanhóis para o Museu Oscar Niemeyer.
“Com os entendimentos que mantivemos na Espanha, especialmente na região da Galícia, passamos a criar alternativas comerciais e culturais para sair dessa mesmice que subordina interesses de Estados e nações à vontade dos norte-americanos e seus conglomerados econômicos extraordinariamente fortes”, disse o govrnador, que reassumiu o cargo ontem.
Além de discutir as relações comerciais e culturais entre o Paraná e a Galicia, Requião também buscou entendimentos para incrementar o intercâmbio turístico. Segundo o governador, “Paraná, dentre os estados brasileiros, é responsável por 21,87% das exportações do Brasil para a Espanha, se configurando como o que mais exporta para o país, a frente até de São Paulo”.
Reuniões
Um das reuniões foi com com o secretário-geral de Relações com a Comunidade Européia e Cooperação Exterior, Jesus Gamallo Aller, com quem discutiu as relações entre o Paraná e a Galicia, além da necessidade de incrementar os negócios e oferecer outras possibilidades de exportação à Galicia, como a de produtos industrializados no Paraná.
Requião salientou a posição do Estado em relação ao comércio exterior com a Galicia e chamou atenção para o fato do Paraná ser o segundo maior importador de produtos da Galicia, ficando atrás apenas de São Paulo. E, ainda, afirmou que o Paraná é, individualmente, o sétimo exportador mundial de produtos para a região, ficando a frente de muitos países tradicionais exportadores. Dentre os produtos mais exportados estão a soja (72,63%) e o milho (11,38%).
Com Manoel Fraga Iribarne, presidente da Xunta da Galicia e um dos principais políticos da Espanha, Requião reafirmou a importância da Galicia para o Paraná e o interesse em incrementar as exportações. Requião mostrou para Iribarne a posição estratégica do Paraná no Mercosul, possuindo fronteiras com Paraguai e Argentina, além da proximidade com os outros países. O acordo para trazer ao Paraná acervos da cultura espanhola foi feito pela diretora do Museu Oscar Niemeyer, Maristela Requião. Depois de visitar diversos museus espanhóis, Maristela e o governador decidiram que é importante que mais paranaenses tenham proximidade com a arte espanhola.