Embora o presidente do diretório regional do PSDB, deputado Valdir Rossoni, procurasse ontem, em conversa com os jornalistas, minimizar os efeitos da visita dos senadores tucanos Eduardo Azeredo – presidente do diretório nacional – Artur Virgílio e Antero Paes a Curitiba, na véspera, dando-lhe um caráter amistoso e de consulta às bases, o episódio evidencia uma disputa interna por espaço que ainda terá desdobramentos. O prefeito Beto Richa, em cujo gabinete aconteceu o encontro, evitou qualquer comentário sobre o assunto.
No relato que fez para os três, Rossoni disse ter deixado claro que não há como impedir a apresentação de candidaturas ao Senado como fórmula para garantir a única vaga ao senador Alvaro Dias e foi mais longe: disse que Alvaro não aglutina as oposições contra a candidatura do governador Roberto Requião (PMDB). Esse papel estaria hoje nas mãos de seu irmão, o senador Osmar Dias (PDT).
Em seu entender, um bom desempenho eleitoral no ano que vem vai depender de uma política de alianças eficiente, mesmo que o PSDB paranaense tenha praticamente dobrado sua estrutura, conte hoje com algumas das prefeituras mais importantes do Estado e esteja em vias de se tornar a maior bancada na Assembléia Legislativa, com a expectativa de mais duas ou três filiações. Defensor da candidatura própria ao Palácio Iguaçu, Alvaro afina seu discurso com o da direção nacional, cuja prioridade é oferecer um palanque forte para seu candidato presidencial. E rejeita a posição regional pró-alianças, que qualifica como "linha auxiliar" de outra agremiação.
Contra esse argumento, Rossoni garantiu aos senadores que o acordo com o senador Osmar Dias está condicionado ao apoio do PDT à candidatura presidencial tucana. Ao menos na esfera estadual. Com a grande possibilidade da queda da verticalização, esse quadro não encontraria obstáculos legais, além de agradar a deputados e prefeitos. Quanto a sugestão de atração do eventual candidato para as hostes tucanas, Rossoni reafirmou que Osmar será muito bem-vindo. Mas se preferir permanecer no PDT, isso não impede o acordo.
PDT considera visita uma descortesia
O líder do PDT na Assembléia, deputado Barbosa Neto, também divulgou nota oficial considerando "descortesia" a visita dos senadores do PSDB com o aparente objetivo de colocar um freio nas conversas em andamento "num momento em que estabelecemos bons diálogos e entendimentos com os tucanos locais". Ao mesmo tempo, reforçou o propósito "de construir com outras agremiações partidárias ampla aliança oposicionista para as eleições gerais de 2006".
"Nós apoiamos o PSDB e seus candidatos em vários municípios, inclusive na capital, sem fazermos nenhuma exigência em relação a cargos. O senador Osmar foi cobrado internamente, mas sempre deixou claro que nos movemos em torno de objetivos públicos que interessam à população", diz o documento.