Os aliados de José Serra, candidato à Presidência da República pelo PSDB, decidiram regionalizar o segundo turno da campanha no Rio Grande do Sul. Os deputados mais votados vão coordenador os esforços em suas bases para tentar fazer o tucano ultrapassar a votação de Dilma Rousseff (PT) no Estado.
“Os conceitos e argumentos chegam pelo rádio e televisão e nós teremos de dar visibilidade à candidatura”, explicou o vice-presidente do PPS e candidato à vice-governador na chapa derrotada de Yeda Crusius (PSDB), Berfran Rosado. Ele é também um dos integrantes do Movimento Suprapartidário Gaúchos com Serra, referindo-se às mobilizações de rua para exibição do nome e imagem do presidenciável.
O movimento suprapartidário tem representantes do PSDB, PPS e DEM, partidos totalmente empenhados na eleição de Serra, e do PP, PMDB e PTB, que, no Rio Grande Sul, têm bases divididas entre o tucano e Dilma. O maior exemplo dessa fragmentação é o do PMDB, tem quase a totalidade de suas bancadas federal e estadual ligada a Serra, enquanto muitos prefeitos estão com a petista.
Segundo Rosado, “é possível virar” a votação dos gaúchos. No primeiro turno, Dilma conquistou 3.007.263 votos no Estado, enquanto Serra ficou com 2.600.389 e Marina Silva (PV), 725.580. Além de buscar o voto dos verdes, os aliados de Serra acreditam que podem contar com a mobilidade maior dos aliados do PMDB, como os deputados federais Osmar Terra e Darcísio Perondi, agora dispensados das amarras do primeiro turno, quando o partido adotou posição neutra em relação à eleição presidencial, para reverter votos que foram para Dilma no primeiro turno. “Seria ruim para os gaúchos dar muito poder ao PT, que já vai comandar o Estado”, afirma Rosado. “Por perceber isso, muitos votarão no Serra”, acredita.
Votação
A perspectiva dos aliados de Dilma também é de ampliar a votação da candidata. Eles consideram que podem garimpar votos entre os verdes e também entre os cerca de 400 mil eleitores que optaram por Tarso Genro (PT) para governador sem optar por Dilma para presidente no primeiro turno, teoricamente mais simpáticos ao partido do que aos adversários.
Além disso, lembram que em 2006, mesmo tendo perdido para Geraldo Alckmin (PSDB) nas duas rodadas no Rio Grande do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou sua fatia de 2,05 milhões para 2,81 milhões do primeiro para o segundo turno daquele ano, enquanto o tucano ficou quase estacionado, oscilando de 3.46 milhões para 3,48 milhões de votos.
O comitê pluripartidário Dilma Presidente vai pedir aos prefeitos favoráveis à candidatura que se licenciem para participar ininterruptamente da campanha nos 15 dias que antecedem à votação do segundo turno. Também vai organizar agendas públicas com a participação do governador gaúcho eleito e do senador eleito Paulo Paim. O comitê conta, ainda, com um possível comício com a presença do presidente Lula e de Dilma.
“Vamos mostrar o que o governo Lula fez e o que o governo Fernando Henrique deixou de fazer”, afirma o coordenador do comitê, Ary Vanazzi, prefeito de São Leopoldo. “Nossa meta é que Dilma tenha no segundo turno o mesmo número de votos que Tarso teve no primeiro”.