Aliados querem evitar racha na disputa pela presidência da Câmara

Foto: Agência Brasil
Fontana: medo de danos irreversíveis ao governo.

Preocupados com a fratura da base governista por causa da disputa entre Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) pela presidência da Câmara, parlamentares aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começaram a se mobilizar ontem para evitar danos irreversíveis. O ex-ministro e deputado eleito Ciro Gomes (PSB-CE), eleitor de Aldo, pregou um acordo de última hora que levasse a apenas uma candidatura da base. Chinaglia e Aldo reiteraram, porém, que não desistirão da disputa, marcada para quinta-feira.

?Estou muito preocupado. Se esta marcha da insensatez não for interrompida, nós da base do governo sairemos com prejuízo. Mas ainda temos dois dias e acredito em uma solução para o problema até a última hora?, afirmou Ciro, embora tenha admitido que dificilmente haverá desistência a esta altura. O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (SP), quer preservar certa unidade da base pelo menos depois da eleição para não comprometer os interesses do governo a partir da noite de quinta-feira, quando o novo presidente da Câmara já estará escolhido.

?Temos de ter maturidade para absorver o resultado?, afirmou Fontana. ?Seja qual dos dois candidatos da base for derrotado, não acredito que ele abrirá mão de governar o Brasil por conta do resultado da eleição da Câmara. Não podemos aceitar que o dano para a base seja irreversível. Somos maduros para não colocar o acessório no lugar do fundamental. Se o programa do governo Lula der certo, vamos ganhar a próxima eleição presidencial com um candidato da base.?

Chinaglia procurou minimizar as repercussões da disputa na relação futura da base. ?Me relaciono pela política e não pelo pessoal. Não posso crer que o PT, o PC do B e o PSB vão abandonar suas convicções programáticas e ideológicas por causa da disputa?, afirmou.

O debate de segunda-feira na Câmara, entre os três candidatos – Chinaglia, Aldo e Gustavo Fruet (PSDB-PR) – deixou claro a hostilidade entre o PT e o PC do B, partidos da base. Também acabou expondo a insatisfação do PSB, aliado de Aldo desde o primeiro momento, com o PT. No fim do debate, Aldo chegou a dizer que a eventual vitória do petista seria negativa para a democracia, para o governo e para partidos políticos. Ele acusou o PT de querer concentrar o poder em suas mãos.

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