As bancadas dos partidos que apoiaram o governador eleito, Roberto Requião (PMDB), no segundo turno da eleição, reúnem-se hoje na Assembléia Legislativa para tentar chegar a uma posição comum sobre a disputa pela Mesa Executiva.

O PMDB, conforme deixou claro ontem o articulador político do governo eleito, o deputado estadual Caíto Quintana (PMDB), não abre mão da indicação do 1º secretário na chapa encabeçada pelo atual presidente da Assembléia, deputado Hermas Brandão (PMDB).

“É natural que o 1º secretário seja do PMDB”, afirmou Quintana, explicando que a conversa de hoje não vai fechar nomes, mas unificar o bloco em torno de uma proposta de consenso. Ele acredita que, depois de formalizado, o grupo deve chegar a 26 deputados, entre os atuais e os eleitos em 6 de outubro.

Além dos deputados do PMDB, PT, PPS e PL, também foram convidados para a conversa de hoje o tucano Brandão, Nelson Justus (PFL), Rafael Greca (PFL) e Geraldo Cartário (PSL). Os quatro apoiaram Requião no segundo turno da disputa pelo governo. “Queremos juntar o bloco que acabou a eleição junto”, explicou o coordenador político do governo eleito.

Entre os aliados do PMDB, o PT é um dos partidos que também cobiça a 1º Secretaria. Por ter eleito a maior bancada na Casa, com nove deputados, os petistas querem ser mais do que coadjuvantes na eleição da Mesa. Mas o PMDB, que já abriu mão da presidência para o tucano Hermas Brandão, também tem seus argumentos. Quintana disse que o partido tem a segunda maior bancada, com oito deputados, e também ganhou o governo do Estado. “A diferença numérica entre a nossa bancada e a do PT é de apenas um deputado. E temos o governo, que ganhamos com a ajuda do PT”, comparou o deputado peemedebista.

Outros nomes de fora dos partidos aliados já manifestaram o interesse de concorrer à 1ª Secretaria. Nelson Justus (PFL) é um deles. Mas o mais forte concorrente até agora é o atual ocupante do cargo, Valdir Rossoni (PTB).Quintana pretendia conversar com o petebista ontem à noite.

Senador adia retorno

Elizabete Castro

O governador eleito, senador Roberto Requião (PMDB), não vem mais a Curitiba hoje para participar da missa de ação de graças pela vitória do partido nas eleições, que será celebrada à noite na Igreja Santo Agostinho, e que será seguida por um jantar numa churrascaria em Curitiba. Oficialmente, Requião tem outros compromissos em Brasília, como as sessões deliberativas do Senado e a organização da vigésima conferência do Mercosul. Mas a principal razão para o governador eleito cancelar a vinda a Curitiba são as pressões que tem recebido sobre a composição do seu secretariado, cujos nomes deve anunciar depois do dia 15.

Peemedebistas revelaram que Requião está irritado com as cobranças a respeito da indicação de nomes para a equipe, sobretudo quando ele permanece em Curitiba. Requião já avisou a seus interlocutores mais freqüentes que precisa de “paz e sossego” para decidir os futuros integrantes do seu governo.

O governador eleito se mostra cada vez mais refratário ao que chama de “tentativas de interferência” na formação do seu secretariado. Seu articulador político, o deputado estadual Caíto Quintana (PMDB), disse que o governador eleito não abre mão da autonomia de escolher os nomes dos seus auxiliares e não aceita vetos antecipados.

Hoje, o governador eleito deve se reunir com o presidente estadual do PL, deputado federal pastor Oliveira, para discutir a participação do partido no governo. Requião tem conversado isoladamente com alguns dos líderes dos partidos aliados, mas até agora não formalizou convite a nenhum deles.

IAP suspende concessão

O Instituto Ambiental do Paraná suspendeu a concessão de uso do Parque Estadual de Vila Velha cuja licitação já havia sido lançada pelo atual governo. A medida foi adotada após solicitação do governador eleito, Roberto Requião (PMDB) encaminhada às comissões de transição nomeadas por ele e pelo atual governador. A solicitação de suspensão do processo licitatório partiu de entidades da sociedade civil, prefeitura municipal de Ponta Grossa e Organizações Não Governamentais ligadas ao setor ambiental. A decisão de suspender a licitação foi bem recebida pela comunidade que deseja uma discussão profunda das implicações ambientais e administrativas da medida.

O presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, Lidislei Raska Rodrigues, afirmou que a medida atende a um apelo da sociedade civil que deseja uma discussão ampla sobre o projeto de privatização do Parque Estadual de Vila Velha. “Ambientalistas, prefeitura de Ponta Grossa, Câmara de Vereadores e toda a sociedade paranaense querem debater esse projeto pois trata-se de uma das maiores reservas do patrimônio natural do Paraná”, destacou ele.

Ele adiantou que o próximo governo firmou um compromisso de envolver ativamente as entidades civis de defesa do meio ambiente no desenvolvimento de uma política de longo prazo para o setor, definindo uma política geral para os parques estaduais. O projeto, lançado ao apagar das luzes do atual governo, poderia comprometer essa política, pois deixaria fora um dos principais parques do Paraná, adianta o presidente do Senge.

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