Aliados da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional reagiram nesta quarta-feira às declarações do ex-ministro Ciro Gomes (PSB) que, em entrevista nesta terça-feira, 23, a uma rádio de Fortaleza, afirmou que a aliança política de sustentação do governo está assentada na “putaria”, na “fisiologia”, na “roubalheira” e no “clientelismo”. Eles atribuíram a postura “agressiva” de Ciro a uma estratégia para voltar à cena pública após amargar um período de ostracismo.

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“O Ciro expressou a opinião dele, como uma pessoa transparente que é”, afirmou, lacônico, o líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF). Apesar das declarações públicas de Ciro, que fez questão de frisar que continua aliado do governo, líderes da base aliada preferiram criticar a conduta do socialista reservadamente.

Um líder governista disse que, com essas declarações, Ciro mostra não ter qualquer preparo para o jogo político, mesmo tendo ocupado cargos de destaque nacionalmente e concorrido à Presidência da República em duas ocasiões. Segundo esse parlamentar, o socialista deixou de ser a grande referência do PSB, preterido pelo atual governador e presidente do partido, Eduardo Campos, pré-candidato ao Palácio do Planalto. “É evidente que há um ressentimento dele”, declarou.

Correligionário do ex-ministro, o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), discorda de que ele tenha agido dessa forma como uma estratégia política. “O Ciro não precisa disso para retornar à cena. Ele é um quadro político”, destacou.

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Rollemberg amenizou a forma como o colega de partido se referiu a Dilma e ao governo, destacando que o ex-ministro “sempre tem posições muito contundentes”. O parlamentar disse que “jamais colocaria as coisas nesses termos”, mas afirmou que isso é uma questão do “estilo” do ex-ministro. “A crítica é legítima, mas de fato deveria ter sido dada em outro patamar”, ponderou o senador. “É fato que o governo está enfrentando dificuldades que precisa superar, da articulação, de gestão, precisa dialogar mais e ser mais ágil.”

O vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), afirmou que a crítica de Ciro faz parte da cultura política brasileira do “oportunismo”. Com a queda da popularidade da presidente, disse o tucano, os governistas se arvoram em criticar. “Até a mobilização popular, ouvíamos o discurso ufanista de forma reiterada, mas depois que ela saiu do céu para o inferno em 15 dias, os questionamentos apareceram”, afirmou.

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Alvaro Dias concordou com a manifestação de Ciro segundo a qual a oposição é fraca igual a “caldo de bila” (caldo de tempero ralo com muita água). “Não discordo que a oposição seja fraquinha, ela é fraquinha, mas ela é filha deste modelo baseada em governos corruptos e incompetentes”, disse ele, para quem há uma operação desde o início dos governos comandados pelo PT para asfixiar a oposição a partir de um “balcão de negócios” para trazer todos os políticos para a base aliada.