A prisão do diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), Nelson Leal Jr., caiu como uma bomba no Palácio Iguaçu. Aliado de Beto Richa (PSDB) desde a época da prefeitura de Curitiba, ele é subordinado ao irmão do governador e secretário de Estado de Infraestrutura, Pepe Richa. Ao comentar o assunto, integrantes do círculo de poder do tucano não escondem a preocupação com os desdobramentos do caso – na esfera policial e também eleitoral.
Deflagrada no âmbito da Lava Jato nesta quinta-feira (22), a Operação Integração investiga casos de corrupção na concessão de rodovias federais no estado. Contra Leal Jr. pesam suspeitas de recebimento de dinheiro de forma ilícita de empresas ligadas ao pedágio. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), ele “firmou com as concessionárias inúmeros termo de ajuste sem amparo técnico em que foi acordada a retirada de obras e o incremento das tarifas”.
Por ora, Leal Jr. está preso temporariamente por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco. E o receio do Palácio Iguaçu é como isso vai respingar no governador. O atual diretor-geral do DER foi secretário de Obras em Curitiba quando Richa era vice-prefeito e se manteve na pasta quando o tucano assumiu a prefeitura. Na administração da capital, ele ainda foi assessor no gabinete do então prefeito Beto Richa e também na Secretaria de Governo.
Já com Richa no governo do estado, Leal Jr. assumiu o DER em 2013 – ele também integra o Conselho Fiscal da Copel. No órgão, onde tem salário de R$ 12,7 mil, ele responde a Pepe Richa, que, agora, vê sob risco as pretensões de se candidatar a deputado federal.
Busca na Casa Civil
Alvo de mandado de busca e apreensão em seu local de trabalho na Casa Civil do governo do estado, Carlos Felisberto Nasser também tem um histórico político com Richa. Ele foi assessor no gabinete do prefeito de Curitiba de janeiro de 2005 a novembro de 2011 – já na gestão Luciano Ducci (PSB). Em fevereiro de 2013, Nasser foi nomeado na Casa Civil, onde atua na Coordenadoria de Assuntos Políticos e recebe salário de R$ 9,7 mil.
Aliados diretos do governador, no entanto, afirmam que a relevância política de Nasser é “zero” e que ele é um senhor de mais de 80 anos com câncer. Até por isso, não haveria preocupação de Richa em relação ao envolvimento do assessor palaciano na Lava Jato, a quem o Executivo se referiu como ocupante de um “cargo de terceiro escalão, sem qualquer vínculo com o gabinete do governador”.
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