O vice-presidente da República e candidato à reeleição, José Alencar (PRB), disse ontem em Curitiba que considera natural o apoio do governador Roberto Requião (PMDB) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Alencar e Requião se encontraram durante a posse de Virgilio Moreira Filho na presidência da Associação Comercial do Paraná, cerimônia que trouxe o vice-presidente a Curitiba anteontem à noite. ?Requião é um grande amigo nosso e estará conosco na hora certa. Sempre estivemos do mesmo lado?, afirmou o vice-presidente.
Requião está neutro na sucessão presidencial, enquanto aguarda o desfecho da briga judicial para manter a aliança com o PSDB. A coordenação da campanha de Requião não quis comentar as declarações de Alencar que, em sua passagem por Curitiba, procurou ser diplomático com todos os candidatos ao governo. Além de Requião, Alencar também fez contato com Osmar Dias, o candidato do PDT ao governo, e antes de declarar apoio ao senador Flávio Arns, candidato do PT ao governo, fez média com Requião e Osmar. Disse que se votasse no Paraná, teria dificuldades para decidir o voto. ?Tenho grandes amigos no Paraná?, afirmou.
Ao formalizar seu apoio a Arns, o vice-presidente justificou que seu partido integra a coligação formada em torno da candidatura ao governo do petista. ?Flávio Arns é um senador que representa muito bem o estado do Paraná, tem o respeito de todo o Congresso Nacional e tem condições de exercer qualquer cargo?, disse o vice-presidente, que gravou participação no programa eleitoral da chapa majoritária do PT, composta ainda pela candidata ao Senado Gleisi Hoffmann.
Economia
A volta do crescimento econômico brasileiro em bases sustentáveis. Este foi o tema da reunião entre José Alencar e os empresários paranaenses, ocorrida na parte da manhã, a portas fechadas, na sede do Cietep, em Curitiba. Em entrevista à imprensa, Alencar retomou o discurso proferido durante a campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e defendeu a queda dos custos de capital. ?Para alcançarmos o crescimento, precisamos de um custo de capital compatível com o mercado global. Os juros precisam ser reduzidos e a produtividade aumentada?, afirmou.
Segundo o vice-presidente, o sistema tributário nacional se transformou em algo burocrático e que impede que as empresas saiam da informalidade, o que gera uma concorrência desleal a quem atua no sistema formal. ?Sou a favor de uma simplificação do sistema tributário para que tenhamos uma economia próspera e forte. Precisamos trabalhar e não ficar apenas no discurso.?
Apesar dos problemas, Alencar se mostrou otimista com o futuro do País e confiante na reeleição de Lula, dizendo acreditar que as denúncias de corrupção não abalaram a imagem do presidente. ?Em 2003, quando assumimos, o risco-Brasil era dez vezes maior do que é hoje. Por isso, acredito que o Brasil é um País que tem tudo para crescer?, declarou. ?Lula é uma pessoa de caráter exemplar. No últimos tempos, tentaram fazer de tudo para envolvê-lo em casos de corrupção, mas seu nome continua intacto.?
Dos empresários, o vice-presidente recebeu três documentos: um dossiê da Ação Empresarial que trata do crescimento econômico sustentável, um texto sobre peculiaridades econômicas do Paraná e o Guia do Voto Responsável, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). ?Na conversa com o vice-presidente, ressaltamos a importância da substituição do juro como instrumento de controle da infração pelo aumento da produtividade. Temos que buscar a estabilidade através do investimento. Porém, o investimento só é possível se o juro baixar?, comentou o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures.
