O vice-presidente da República, José Alencar, disse que desistiu de se candidatar ao Senado por Minas Gerais, porque não seria honesto, já que no momento faz tratamento de quimioterapia. “Como não posso parar a quimioterapia, criaria uma dúvida nos eleitores”, disse Alencar.
A decisão de Alencar de permanecer no governo até o final do mandato foi comunicada ontem à noite ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O vice, porém, evitou dar detalhes sobre a conversa que teve com o presidente. Alencar disse que a solidariedade que recebeu durante todo o processo de tratamento do câncer não se transformaria automaticamente em votos. “A solidariedade não se traduz em votos. As pessoas votam por partido e por ideologia”.
Com a decisão de Alencar de permanecer no governo, fica descartada a possibilidade do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), assumir interinamente a Presidência da República a partir do próximo domingo, quando Lula embarcará para Washington (EUA). Perguntado se com a decisão o governo estava mais tranquilo, Alencar respondeu: “isso aí, tu dizes”, e riu.
Sobre o quadro eleitoral de Minas Gerais, Alencar defendeu que é preciso uma decisão rápida dos partidos aliados para definir o candidato ao governo do Estado. Ele disse que mantém conversas tanto com o ex-ministro Patrus Ananias e Fernando Pimentel, ambos do PT, e com o ex-ministro Hélio Costa, do PMDB, que querem lançar candidaturas próprias.
‘Doença nova’
Alencar ironizou a “aliança informal” entre a pré-candidata Dilma Rousseff, e o governador Antonio Anastasia, citado por Dilma como “Dilmasia”. “Isso aí eu não vi. Também não tenho mais idade para doença nova. Isso é nome de alguma doença?”.
Sobre seu futuro, após o término de mandato, afirmou: “Meu futuro não é tão longo, meus planos são menores”.
Durante toda a entrevista os olhos de Alencar lacrimejavam, mas ele assegurou que não estava chorando. “Faz parte do tratamento”, justificou.