Aldo Rebelo quer instituir o ‘Dia do Saci’

A posse do ministro do Esporte hoje poderia ser uma comemoração dupla para o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), se o projeto de sua autoria apresentado na Câmara, em 2003, tivesse virado lei. No gosto de Aldo, no dia 31 de outubro seria comemorado o Dia do Saci. Sem esse mote nacionalista, o novo ministro foi empossado no Halloween, em plena caça às bruxas nos Esportes, por conta das denúncias de desvio de dinheiro público nos convênios com organizações não-governamentais (ONGs).

O projeto de Aldo propunha o resgate de lendas da cultura popular brasileira em contraponto à data comemorativa do Dia das Bruxas nos Estados Unidos e em outros países anglo-saxões, comemorado hoje. Aldo apresentou o projeto entusiasmado com o pedido da Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci), um grupo criado em São Luiz do Paraitinga (SP) por apaixonados por sacis.

“O Saci é reconhecido como uma força da resistência cultural à invasão dos x-men, dos pokemons, os raloins e os jogos de guerra. A escolha do dia 31 de outubro, que tem sido imposto comercial e progressivamente aos brasileiros como o Dia das Bruxas ou o Dia do Halloween, não dizendo absolutamente nada sobre o nosso imaginário popular cultural, como o Dia do Saci, é assim estratégica, proposital, simbólica”, argumenta o deputado no projeto.

A proposta, além de instituir o Dia do Saci, estabelecia ao poder público o apoio e a promoção de iniciativas, programas e atividades culturais para contribuir com a celebração do folclore brasileiro, por meio do Saci e de seus amigos, como Iara, Curupira e Boitatá.

Ainda sem ter concluída a tramitação nas comissões da Câmara, o projeto foi arquivado em 31 de janeiro de 2007, quando houve a mudança de mandato e, de acordo com o regimento, a maior parte dos projetos segue para a gaveta.

Hoje, na cerimônia de posse, Aldo fez referência à data. “Hoje é o Dia do Saci, mascote do Internacional de Porto Alegre”, disse ele, numa alusão ao popular time de futebol gaúcho.

A plateia que prestigiou a cerimônia de posse de Aldo, no Planalto, era o retrato das contradições que sempre marcaram sua trajetória. Lá estavam cartolas do futebol, militares, dirigentes comunistas e até homens de fé católica. “Sou comunista, graças a Deus”, afirmou Aldo.

Devoto de Nossa Senhora Aparecida e Santa Quitéria, o novo titular do Esporte não está entre os ateus do partido. A mãe, Maria Cila Rebelo, ensinou o filho a rezar o terço desde pequeno. “Todo sábado a gente ia à missa, na igreja matriz de Viçosa (AL)”, contou ela.

Em Brasília, Aldo frequenta a igreja Nossa Senhora do Guadalupe, na Asa Sul. O comunista que acredita em Deus levará para o gabinete, no Ministério do Esporte, as imagens de Nossa Senhora Aparecida, São Francisco de Assis e São Sebastião. Seus correligionários dizem que agora, mais do que nunca, ele precisará de proteção.

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