O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PC do B-SP), ainda não sabe que destino dará ao pedido de aposentadoria do deputado federal José Janene (PP-PR), que está na lista dos que respondem a processo de cassação, acusados de envolvimento no esquema do mensalão.
Ontem, em Curitiba, onde veio participar de uma reunião-almoço com a bancada federal e foi recebido para jantar com o governador Roberto Requião (PMDB), Aldo disse que ainda está esperando pareceres jurídicos para decidir sobre o caso de Janene. Os relatórios da junta médica recomendam a aposentadoria por invalidez, mas o presidente da Câmara acha que é necessário avaliar o aspecto legal, antes de decidir. "Eu vou esperar a conclusão dos estudos jurídicos antes de me pronunciar", disse o presidente da Câmara, cuja preocupação é com a possibilidade de o deputado paranaense escapar ao processo, mas se candidatar à reeleição, em outubro.
Janene tem uma cardiopatia, considerada grave pelos médicos. No ano passado, ele foi submetido em Curitiba a um implante de células tronco no coração. Se obtiver a aposentadoria, seu processo de cassação será arquivado. Rebelo disse que os outros dez processos de cassação somente serão votados em março, após o Carnaval. O presidente da Câmara afirmou que são intensas as pressões para que as votações sejam antecipadas, mas que vai manter o prazo porque, dificilmente, haverá quórum em plenário nos próximos dias devido aos feriados de Carnaval.
Desgaste
Para o presidente da Câmara, não é possível prever o índice de renovação das 513 cadeiras de deputados federais nas eleições deste ano. Mas ele acha que o desgaste provocado pelo escândalo do mensalão não irá atingir a instituição, mas apenas alguns de seus membros. "Já tivemos cinco mandatos cassados. A Câmara é a instituição que investiga os seus membros", comentou.
Poucos deputados federais do Paraná compareceram ao almoço com o presidente da Câmara, que percorre o País para ouvir as reivindicações específicas de cada estado. Aldo afirmou que a Câmara precisa chegar mais perto da população. "Nós precisamos fazer da Câmara não apenas a voz e os ouvidos da população, mas também os olhos", afirmou.
O coordenador da bancada federal do Paraná, Chico da Princesa (PL), disse que os deputados federais não têm o que reclamar do governo Lula (PT). Ele afirmou que o Estado já garantiu mais de R$300 milhões em verbas no orçamento deste ano que ainda está sendo votado no Congresso Nacional. Ainda de acordo com o deputado, só falta haver uma aproximação maior entre a bancada e o governo do Estado para reforçar as reivindicações.
Para o deputado Max Rosenmann (PMDB-PR), a vinda do presidente da Câmara ao Estado não vai ser muito útil para ampliar as respostas do governo federal às postulações do Paraná. "Ele (Aldo) não tem poder para isso", disse o deputado paranaense, cuja opinião sobre o presidente da Câmara comporta várias críticas. Segundo Rosenmann, Aldo foi o responsável pela convocação da Câmara no recesso que tanto prejuízo trouxe aos deputados junto à opinião pública. "Ele e o Renan (presidente do Senado) teriam que assumir a responsabilidade pela convocação. Quem convocou foram eles. Quem pagou fomos nós", declarou.