Aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), deflagraram nesta terça-feira, 14, movimento para pressionar a cúpula do PSDB a antecipar para agosto a escolha do candidato do partido à Presidência em 2018.
A estratégia foi traçada no começo do ano e antecipada pelo jornal O Estado de S. Paulo em janeiro. Secretário-geral da legenda e interlocutor de Alckmin no Congresso, o deputado federal Silvio Torres foi escalado para “abrir o debate” com prefeitos, governadores, deputados e integrantes da executiva tucana.
“Estou divulgando essa posição para todo o partido. Na próxima reunião da executiva do PSDB (que ainda não foi marcada) vou referendar a proposta”, disse Torres à reportagem.
O parlamentar também publicou artigo nesta terça no jornal “Folha de S.Paulo”, no qual defende que o PSDB entre em 2018 com seu presidenciável escolhido, e já se reuniu com o senador Aécio Neves (MG), presidente do partido e também pré-candidato ao Palácio do Planalto.
Segundo Torres, Aécio disse que vai “refletir sobre o assunto”. Em caráter reservado, tucanos criticaram o “timing” e lembram que a iniciativa foi tomada no dia em que a Procuradoria-Geral da República enviou 83 pedidos de abertura de inquéritos ao STF com base nas delações da Lava Jato.
“Independentemente do que está acontecendo na política, precisamos ter nosso calendário. O partido precisa ter uma agenda própria. O timing nunca é bom”, disse Torres.
Processo
O deputado lembra, ainda, que o PSDB não tem nenhuma resolução em vigor que normatiza prévias. “Até agosto, se não houver decisão (sobre o candidato), vamos em setembro regulamentar o processo (de eleição interna)”, disse.
Na terça, o governador, que na semana passada assumiu pela primeira vez publicamente que pretende disputar a Presidência, também defendeu a realização de prévias no partido. “A democracia começa dentro de casa. A prévia não divide, a prévia escolhe. Você pode escolher na mesa, com quatro ou cinco pessoas, ou pode ouvir os que participam da vida partidária, 20 mil ou 30 mil pessoas”, disse Alckmin.
A estratégia do governador paulista, que disputou a Presidência em 2006 e perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva, foi criticada internamente.
“No PT, colocam agora o Lula para 2018 como sobrevivência. É o oxigênio que eles precisam para sobreviver. O PSDB não precisa disso”, disse o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.
Segundo ele, é “absolutamente impossível” se debruçar sobre isso no momento. “Fora uma meia dúzia (de pessoas), nenhum cidadão desse país está preocupado com 2018. O partido não tem o direito de perder tempo e esforço discutindo isso neste momento.”
A candidatura do governador paulista tem a simpatia de pelo dois governadores tucanos, Marconi Perillo, de Goiás, e Beto Richa, do Paraná, e tem como “cabo eleitoral” o prefeito de São Paulo, João Doria.
Aécio Neves não foi localizado pela reportagem para comentar a iniciativa dos aliados de Alckmin.