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Alckmin mira em Bolsonaro e defende ‘ordem democrática’

Doze anos depois de disputar a Presidência contra Luiz Inácio Lula da Silva, o tucano Geraldo Alckmin teve o seu nome novamente confirmado como o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Em convenção no sábado, 5, em Brasília, o tucano fez um discurso repleto de críticas indiretas ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro, e também ao PT.

“Ainda hoje na América Latina vemos degenerar regimes conduzidos por quem promete dar murro na mesa, dizendo que faz e acontece, que pode governar sozinho, ou acompanhado apenas por um grupo de fanáticos”, disse. “Gente assim quer é ditadura. Ditadura que logo degenera em anarquia.

Precisamos da ordem democrática, que dialoga, que não exclui, que tolera as diferenças, que ouve o contraditório, que não joga brasileiros contra brasileiros, ricos contra pobres, homens contra mulheres, que não busca resolver tudo na pancadaria nem usa o ódio como combustível da manipulação eleitoral”, afirmou o tucano, que teve o seu nome referendado por 288 votos a favor, 1 contrário e 1 abstenção.

Embora implícitas, as referências a Bolsonaro têm como base o fato de a campanha entender que o PT não deve tomar a iniciativa de desconstruir o candidato do PSL, a exemplo do que fizeram com Marina Silva em 2014. Naquele ano, o candidato tucano, Aécio Neves, se preservou até a reta final da campanha e foi ao segundo turno beneficiado pelos ataques petistas a ex-ministra.

Ao mesmo tempo, a cúpula do PSDB acredita que o candidato do PT, seja quem for, estará no 2º turno. Ao colocar também o partido de Lula na linha de tiro, Alckmin busca atrair o eleitor antipetista de Bolsonaro e se reconectar com a base tucana.

Um passo nesta direção já havia sido dado com a inclusão na chapa da senadora Ana Amélia (PP-RS), conhecida por suas críticas ferrenhas aos petistas. Tratada como “vice dos sonhos” por Alckmin, ela esteve durante o tempo todos ao lado do tucano no evento.

Alckmin também usou o seu primeiro discurso como candidato para defender o leque de partidos que conseguiu atrair para sua coligação. O tucano tem sido criticado por se aliar a políticos investigados. “Não basta um homem e uma mulher, um governo de qualidade requer alianças”, defendeu. “Aqueles que dizem que aprovarão reformas, sem o apoio da maioria dos partidos, mentem.”

Aliança. Dono da maior aliança eleitoral até agora, com nove partidos, Alckmin fez uma espécie de “maratona” por convenções partidárias de aliados em Brasília. Esteve pela manhã na do PPS e depois na do PR, em qual pediu que transmitissem “um grande abraço” à principal liderança do partido: Valdemar Costa Neto, ex-presidente da legenda, que não estava presente.

Dos últimos candidatos à Presidência do partido, apenas o senador Aécio Neves (PSDBMG), que disputou em 2014, não participou do evento em Brasília. Réu no Supremo Tribunal Federal, o mineiro desistiu de tentar a reeleição para disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados. “Dos fundadores do partido, só restaram nós dois: eu e Fernando Henrique Cardoso”, disse o senador José Serra (PSDB-SP) ao lado do ex-presidente. Serra foi candidato em 2002 e em 2010.

Entre os líderes do Centrão, apenas ACM Neto, presidente do DEM, esteve com Alckmin e discursou no evento. Nomes como Valdemar, Ciro Nogueira, presidente do PP, Marcos Pereira, do PRB, e Paulinho da Força, do Solidariedade, investigados na Lava Jato, não participaram do evento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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