Foto: Orlando Brito |
Aécio Neves lidera no segundo maior colégio eleitoral do Brasil e pode levar Alckmin para o segundo turno. |
Na esperança de virar o jogo no segundo maior colégio eleitoral do País e garantir seu ingresso no segundo turno da eleição, o candidato tucano a presidente, Geraldo Alckmin, adotou uma estratégia dupla ontem: explorou ao máximo o envolvimento de petistas ligados ao Palácio do Planalto no escândalo da compra de um dossiê contra o PSDB e procurou colar sua imagem ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), que mostrou todo empenho em pedir o voto dos mineiros ao presidenciável.
Depois de fazer carreata e comícios improvisados em Curvelo e Muriaé, sempre ao lado do governador de Minas, Alckmin repetiu a programação em Barbacena, no final do dia, quando ganhou o reforço do ex-presidente Itamar Franco. Nas três cidades, eles cobraram da Polícia Federal informações sobre a operação que culminou com a prisão de Valdebran Padilha e Gedimar Passos com R$ 1,75 milhão para a compra do dossiê Vedoin (referência a Luiz Antônio Vedoin, apontado como chefe da máfia dos sanguessugas).
Ao comentar a operação dos petistas para incriminar políticos tucanos, Alckmin avaliou que o episódio foi ?um tiro no pé? e concluiu: ?Esperteza demais, come o dono?. No vôo de jatinho entre uma cidade e outra, Aécio passou a Alckmin o resultado do levantamento que encomendara ao instituto Ibope, dando conta de que o tucano subiu dez pontos na preferência do eleitorado mineiro, enquanto Lula caiu outros cinco pontos percentuais nos últimos 20 dias.
De cima do palanque em Barbacena, Aécio pediu ânimo aos eleitores na reta final da campanha. ?Sinto o clima de virada no ar. Vamos acreditar?, disse ele, ao falar que o segundo turno na campanha presidenciável não parece tão distante. E, ao ressaltar as qualidades de Alckmin, o governador mineiro anotou que o presidenciável do PSDB vai governar ?para servir as pessoas e não a companheiros e correligionários?.
Logo no desembarque em Curvelo, Minas Gerais, Alckmin declarou decepcionado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ?É impressionante como ele mudou; como aquela indignação da antiga oposição murchou?, disse, referindo-se à ?seqüência de crimes? cometidos pelo governo e pelo PT. ?E o presidente Lula ainda fala em ?meus meninos?, criticou Alckmin, referindo-se às declarações de Lula, hoje, ao falar sobre aos envolvidos na tentativa de compra do dossiê contra políticos do PSDB. ?Como é que pode??, questionou. ?É muito triste ver o governo do Brasil contaminado por todo esse desvio?, afirmou, ao observar que, a seu ver, a impunidade é a mãe da corrupção. ?E é isso que fez esse conjunto de desvios (de dinheiro) percorrer todo o governo?, ressaltou, lembrando que seis petistas muito próximos do presidente Lula envolveram-se em uma série de desvios de na operação frustrada de compra de um dossiê contra o PSDB, como a entrada ilegal de dólar no País. Isto, sem falar da compra de material de campanha com dinheiro público.
?A festa da democracia, que é a eleição, acabou virando um problema policial e mal resolvido, porque até agora ninguém disse de onde vem o dinheiro usado na operação de compra do dossiê, a quem essa operação iria beneficiar, nem quem foi o mentor de tudo isso ?, afirmou o candidato tucano, que participou depois de carreata pelas ruas centrais de Curvelo, ao lado do governador mineiro e discursou para cerca de 700 pessoas no palanque improvisado em um caminhão de som.