A campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), principal adversário de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, está nas ruas colada à disputa presidencial. Em vantagem nas pesquisas, o tucano mantém perfil discreto e, em vez de atacar os petistas em seus discursos, prefere tecer elogios e pedir votos para o candidato ao Planalto, José Serra.

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Apesar da discrição que o capacita a dizer que faz uma “campanha limpa”, porém, Alckmin dispõe de três porta-vozes encarregados de destilar ataques ao PT no front da batalha eleitoral. São eles o candidato a vice Guilherme Afif Domingos (DEM) e os candidatos ao Senado Orestes Quércia (PMDB) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB).

Afif, além de aparar arestas entre o PSDB paulista e o DEM, que correram separadamente nas eleições municipais de 2008, trabalha na articulação de uma “infantaria” de candidatos, vereadores, militantes e simpatizantes da aliança. “Agora não existe mais partido. Agora nós somos unidos por São Paulo e pelo Brasil”, afirma o candidato a vice.

Ele foi, segundo tucanos, elemento crucial para a entrada do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), na campanha. Tornou-se coordenador da estratégia do PSDB na capital paulista e tenta, com uma série de eventos, mobilizar ações de porta em porta e contra-atacar as investidas do PT, especialmente na zona sul de São Paulo, de voto tradicionalmente petista.

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Segundo Afif, que tem apostado em metáforas militares, militante na rua, tratando de fazer campanha boca a boca, é essencial para que a “artilharia aérea” da propaganda eleitoral – no rádio e na TV – traga dividendos nas urnas.

Como mestre de cerimônias dos encontros do partido realizados na capital, de microfone na mão, Afif tem municiado a “infantaria” com o argumento de que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, é inexperiente, razão pela qual, segundo ele, não tem condições de governar o País. “Quem nunca se candidatou não pode ser presidente da República”, comentou Afif durante a inauguração do comitê de campanha, na semana passada.

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Sarrafo

Orestes Quércia, por sua vez, não poupa palavras, mesmo dizendo não ter nada “pessoalmente” contra a candidata Dilma, “É até boa pessoa”, gosta de afirmar.

O postulante ao Senado discursa normalmente de forma enfática. A estratégia é a mesma usada por Afif: tratá-la como inexperiente. Mas, ao mesmo tempo, Quércia tem subido o tom contra os petistas. “Vamos descer o sarrafo no PT”, afirmou o ex-governador durante a inauguração do comitê. Seu colega de chapa, Aloysio Nunes Ferreira, concordou. “É um recado político perfeito”, disse após a fala de Quércia.

O candidato tucano ao governo de São Paulo, sob o manto da discrição, contemporiza. Perguntado sobre os “militarismos” da campanha e sobre o “sarrafo” ventilado por Quércia, Alckmin vê as palavras apenas como “força de expressão”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.