Após ser acusado de não ter o controle do partido em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin atuou para evitar mais um revés para o grupo de José Serra e interveio na eleição para a presidência do PSDB paulista. A ação, uma semana depois da derrota na disputa pelo diretório municipal, enfraqueceu a candidatura do deputado estadual Pedro Tobias, que deve agora abrir mão da tentativa de reeleição, segundo informou na terça-feira, 23, à noite a deputados federais.
Embora Alckmin e Serra representem forças distintas no PSDB paulista, o governador tem defendido a unidade partidária em razão de seu projeto eleitoral. Candidato à reeleição em 2014, quer evitar a saída de Serra do PSDB rumo ao Mobilização Democrática, de Roberto Freire, onde o ex-governador poderia apoiar outro nome, rachando o eleitorado tucano em São Paulo. Ao prestigiar Serra, Alckmin também faz um contraponto ao presidenciável tucano, o senador Aécio Neves (MG), que busca hoje a hegemonia no PSDB nacional, mas já é visto pelos paulistas como virtual adversário do governador na eleição presidencial de 2018.
Por isso, Alckmin passou a defender a eleição do deputado federal Duarte Nogueira para a presidência do partido em São Paulo, nome que conta com o apoio de Serra.
Alckmin telefonou anteontem à noite para Tobias para deixar claro que é a favor dessa composição e que o atual presidente deveria retirar sua candidatura à reeleição. Num tom pouco amigável, disse que o projeto de reeleição do deputado, por meio da eleição direta entre os filiados do PSDB, era contra o estatuto e ameaçou não participar da convenção estadual da sigla, prevista para maio. Afirmou ainda que a ação de Tobias dificultava a aproximação com o grupo de Serra e que a conta disso seria paga por ele, Alckmin.
O governador citou o episódio da semana passada, quando o vereador Andrea Matarazzo, ligado a Serra, foi derrotado na eleição para presidente municipal do PSDB pelo grupo que defende a candidatura de Tobias. Embora Alckmin tenha pedido votos para Matarazzo, a conta pela derrota ficou para ele, já que secretários da sua gestão, que são pré-candidatos a prefeito em 2016, apostaram suas fichas no candidato adversário, Milton Flávio – Matarazzo também é pré-candidato a prefeito, o que deflagrou a queda de braço pelo controle da legenda na capital. Os serristas acharam que o governador deveria ter retaliado os secretários que não seguiram sua orientação.
No telefonema, o governador também voltou a reclamar com Tobias sobre encontro organizado em São Paulo com Aécio há um mês. O presidente do PSDB paulista convidou o senador para falar no congresso do PSDB estadual, o que contrariou o grupo de Serra – o ex-governador nem foi ao encontro. Na ocasião, Aécio foi recebido pelos paulistas como presidenciável. Alckmin havia pedido a Tobias para adiar o encontro.
Eleição
Conforme publicou o estadão.com, na semana passada, o grupo de Tobias promoveu uma alteração nas regras da eleição para presidente do PSDB-SP, ampliando o colégio eleitoral de 105 para mais de 4 mil pessoas. Aumentou o peso da militância na definição do novo presidente, diluindo o poder de influência dos caciques da legenda, entre eles, Alckmin.
Na terça-feira, 23, Tobias procurou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para tratar da disputa local. Sem apoio da cúpula, a tendência é que ele anuncie a desistência em reunião da executiva nesta quarta-feira, 24, ou na quinta-feira, 25. O partido quer uma saída honrosa para ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.