Ala rebelde escolhe Lúcio Vieira Lima para disputar liderança do PMDB na Câmara

O deputado Lúcio Vieira Lima (BA) foi escolhido, na noite dessa segunda-feira, 9, por um grupo da bancada do PMDB na Câmara, considerado rebelde em relação ao Palácio do Planalto, para representá-lo na disputa pela liderança do partido na Câmara. Ele vai disputar o posto com os deputados José Priante (PA) e Leonardo Picciani (RJ), vistos como mais “governistas”. A escolha do próximo líder do PMDB será na quarta-feira, 11.

Lúcio disputava a indicação de parte da bancada com Danilo Forte (CE), Marcelo Castro (PI) e Manoel Júnior (PB). Os preteridos devem receber, como “prêmio de consolação”, o comando de CPIs que caberão ao bloco formado pelo PMDB para eleger Eduardo Cunha (RJ) presidente da Câmara, como a que investigará o esquema de corrupção na Petrobras.

A escolha do próximo líder do PMDB será preponderante para definir que relação o partido rebelde da base aliada terá com o PT e com a presidente Dilma Rousseff. Dos três candidatos a líder, apenas Priante apoiou a reeleição de Dilma no ano passado. Os demais fizeram campanha para o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

A atribuição de um líder partidário envolve atividades relacionadas à articulação política. Cabe a esse parlamentar representar o posicionamento da bancada na Câmara, tratar de votações importantes na Casa e orientar o voto dos demais colegas. De acordo com o tamanho da bancada que representa, um líder pode pedir votação secreta, regime de prioridade ou mesmo solicitar que determinada proposta seja votada com urgência.

Prefeitura

Um dos adversários de Vieira Lima, Leonardo Picciani tem pretensão de disputar a prefeitura do Rio e quer ser líder já neste ano para se cacifar politicamente. No entanto, ele vem sendo isolado pelos outros adversários, que se dizem contrários à hegemonia do PMDB do Rio de Janeiro, que, além de ter a presidência da Câmara, comanda o governo fluminense e a prefeitura da capital. Apesar de seus adversários difundirem a versão de que desistiu da disputa, José Priante disse na manhã desta terça-feira, 10, que é candidato.

Eduardo Cunha tem procurado se manter neutro na disputa porque, na eleição para presidente da Câmara, foi apoiado por todos os peemedebistas que agora disputam a liderança.

Segundo Danilo Forte, a bancada já estava dividida e, por isso, o grupo que se reuniu na noite de segunda entendeu que era preciso chegar a um consenso. O apoio da bancada do Rio Grande do Sul foi preponderante para a escolha do baiano Vieira Lima, segundo Forte. Os gaúchos representam cinco dos 66 deputados peemedebistas em exercício, mesmo tamanho da bancada fluminense.

Lúcio Vieira Lima não foi localizado pela reportagem, mas confirmou sua escolha pelo Twitter: “Fui escolhido para ser o consenso entre cinco [na verdade, quatro] candidatos que queriam preservar a unidade do partido”, afirmou o deputado na rede social.

Quem for escolhido na votação desta quarta-feira terá a liderança por apenas um ano. O partido chegou a cogitar eleger quatro nomes que se revezariam durante esta legislatura, mas a proposta foi descartada.

A relação entre PT e PMDB, que já era tensa, piorou depois que o governo passou a priorizar o PSD do agora ministro Gilberto Kassab (Cidades). Segundo peemedebistas, a crise chegou a seu “pior momento” depois que o Planalto resolveu interferir na disputa pela presidência da Câmara, escalando ministros como cabos eleitorais do candidato governista derrotado, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

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