Enquanto no PSDB aumenta a pressão para que o ex-governador José Serra seja candidato à Prefeitura de São Paulo, o PT se divide sobre a necessidade de aguardar uma definição do tucano – e também sobre a conveniência de o partido antecipar sua convenção – para fechar o mais rapidamente possível uma aliança com o PSD.
No entorno do pré-candidato petista Fernando Haddad, uma maioria que internamente vê com muitas reservas a aliança com o prefeito Gilberto Kassab, avalia-se que é grande a chance de Serra concorrer à Prefeitura. A hipótese nunca foi descartada mesmo com toda a movimentação de Kassab em direção ao PT. “Nós nos preparamos desde o começo para disputar a eleição dentro da lógica da polarização”, diz o presidente municipal do PT, vereador Antonio Donato.
Embora saiba que o alinhamento Serra-Kassab é ruim para o PT porque volta a organizar o campo adversário, a ala petista contrária ao acordo vê com bons olhos a possibilidade de fazer na eleição um discurso de oposição, o que seria impossível com Kassab na chapa. “O Serra na campanha é bom pra todo mundo porque volta a colocar as coisas em seu devido lugar”, afirma um cacique.
Também contrário à aliança, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, afirmou que Kassab mantém a decisão de apoiar Serra caso ele seja candidato. “Então, temos que procurar os partidos que não têm candidato e têm tradição de aliança conosco”.
Pró-aliança
No PT kassabista, por outro lado, cresce a pressão para que o encontro do PT paulistano, que antecipa as decisões da convenção, seja adiantado. A ideia, nascida no entorno do ex-presidente Lula, é justamente evitar a entrada de Serra na disputa. Apesar dos altos índices de rejeição nas pesquisas, ele ainda é, na avaliação petista, o mais forte candidato tucano.
“Arrastar essa história só interessa ao Serra. Não interessa ao PT”, afirma o vereador Francisco Chagas, favorável ao acordo. A mesma posição é defendida por interlocutores mais próximos de Lula, como o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho. Segundo ele, as notícias sobre a avaliação dessa estratégia pelo PT fizeram aumentar ainda mais o assédio tucano sobre o ex-governador de São Paulo. “A sugestão de antecipar a convenção precipitou essa pressão”, sustentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.