Após a deputada e líder do PSB na Câmara Tereza Cristina (MS) admitir que há uma negociação aberta de migração para o DEM ou para o PMDB, a Secretaria Nacional de Mulheres do partido pediu que a parlamentar se antecipe ao processo de expulsão e deixe a sigla.
“Exigimos que a pessoa em questão não espere o processo de expulsão por meio da representação no Conselho de Ética e que tenha a dignidade de deixar o PSB, antecipando-se assim a mais essa situação de desmoralização pública”, diz a nota assinada pela secretária nacional do PSB, Dora Pires.
O documento foi aprovado de forma unânime pelas 11 mulheres que compõem a Executiva da Secretaria e foi distribuído à direção da sigla, além das bancadas na Câmara e no Senado.
Já o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) quer que Tereza Cristina seja destituída da liderança. “Vamos cobrar um posicionamento do Carlos Siqueira (presidente da legenda). A gente não pode ficar nesse situação em que a líder conspira contra a bancada que ela lidera para poder levar para outros partidos. É de uma incoerência, falta de postura e legitimidade que extrapola os limites que a gente possa aceitar”, disse. Segundo Delgado, o estatuto do PSB permite que a direção partidária destitua um líder de bancada.
Tereza Cristina faz parte da ala governista do PSB e vota de acordo com a orientação do Planalto, desobedecendo a determinação partidária. A sigla deixou o governo em maio, após a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, da JBS. Desconfortáveis no PSB, o grupo governista flerta com PMDB e DEM, o que causou atrito entre o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
‘Desmoralização’
Na nota, Dora Pires diz que as manifestações públicas de Tereza Cristina sobre as negociações para migração de legenda representam a “desmoralização das mulheres socialistas e de esquerda” e pede sua saída imediata “das fileiras socialistas”.
Mais cedo, a deputada adotou um tom pacificador e disse acreditar em uma reaproximação com o partido. “Quanto às especulações sobre a filiação de deputados socialistas a esta ou àquela legenda, enfatizamos acreditar, antes de mais nada, na retomada do diálogo com a Direção Executiva do PSB.” (Colaborou Renan Truffi)