Em nota conjunta divulgada ontem os quatro candidatos das alas esquerdas do PT à presidência do diretório estadual, Professor Cafu, João Ivo Calefi e os deputados Dr. Rosinha e Tadeu Veneri, voltaram a responsabilizar o Campo Majoritário, no comando da legenda, pela crise que afeta o partido. "Trata-se de uma crise da direção do PT constituída através do Campo Majoritário, que desenvolveu um modelo partidário em que alijou tendências e agrupamentos das funções principais de direção do partido. E que afastou também a militância do controle da direção e transformou o partido em máquina eleitoral cada vez mais integrada ao Estado", diz o documento que os candidatos apresentaram aos jornalistas ontem à tarde, em entrevista coletiva no gabinete da liderança do partido na Assembléia Legislativa. Os quatro explicaram que, embora divididos no primeiro turno do Processo de Eleições Diretas (PED), marcado para o dia 18, têm o compromisso de apoiar o representante da esquerda que for para o segundo turno, se houver. Para Rosinha, essa tendência se repetirá na disputa pelo diretório nacional. Além dos candidatos, participou do evento a deputada Clair Martins.
Futuro
Rosinha e Veneri enfatizaram os pontos em comum entre as candidaturas e a convicção de que só mudando a atual direção o PT poderá se reestruturar como um partido de propostas transformadoras, resgatando sua autonomia e abandonando o pragmatismo que conduziu a alianças eleitorais consideradas desastrosas com o PP, PL e PTB. Segundo eles, o Campo Majoritário impôs essas alianças tanto na esfera estadual quanto na municipal, e acabou descaracterizando a agremiação e afastando-a dos movimentos sociais que lhe conferiam vigor e popularidade.
Mas acentuaram que não pensam em deixar o PT, mesmo no caso de uma vitória do Campo Majoritário. Callef é favorável a candidatura de Lula à reeleição, mas Rosinha e Veneri entendem que antes de mais nada é necessário recuperar as bandeiras que foram abandonadas e promover uma renovação da estrutura partidária. Só depois deve vir a discussão das candidaturas : "De qualquer forma, estaremos com o candidato do PT à Presidência e ao governo do Estado", ajuntaram. A deputada Clair vai mais longe, e defende uma discussão efetiva em torno do programa partidário. Ela aponta uma condicionante para apoiar Lula a reeleição: seu compromisso de mudar a política econômica.
A carta assinada pelos candidatos acusa o Campo Majoritário de trocar as pessoas e manter a mesma forma de dirigir o partido " por meio de uma disputa muito mais eleitoral do que política, impondo a sua vontade, sem debate ou discussão".
