Numa jogada bem armada, o minúsculo bloco de oposição ao governo conseguiu fazer do seu líder, o deputado Durval Amaral (PFL), o novo presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Assembléia Legislativa e que funciona como porta de entrada de todos os projetos. Amaral foi eleito numa sessão com oito dos treze integrantes da Comissão de Constituição e Justiça, que a bancada governista, ainda atordoada, pretende anular.
Enquanto o PMDB e o PT ainda brigavam para tentar chegar a um acordo para indicar as presidências de todas as comissões, incluindo a CCJ, a oposição juntou-se ao bloco dos independentes, fez as contas e descobriu que somando-se os três votos do PFL e PSDB, mais um de cada partido declarado independente (PSB,PPS,PDT, PSL) e outro do PTB, chegava ao número mágico de oito, contra cinco de peemedebistas e petistas.
Amaral, então, avisou que a oposição iria disputar a presidência da CCJ. O PMDB e o PT se surpreenderam, mas não consideraram o caso perdido, já que a instalação das comissões deve ser feita pelo 1.º vice-presidente da Assembléia Legislativa, o petista Pedro Ivo Ilk. Como o 1.º vice não instalou as comissões, a oposição e os independentes acharam uma brecha no Regimento Interno e fizeram a eleição numa reunião que foi presidida pelo petebista Ailton Araújo que, como o deputado mais velho em plenário, poderia substituir o vice, em caso de ausência. Os oito deputados votaram e elegeram Amaral.
Surpreendidos pela oposição, os governistas buscavam culpados para a rasteira que levaram dos adversários. O deputado Mário Bradock (PMDB) disse que a bancada caiu numa armadilha, montada quando da nova redação do Regimento Interno, que manteve o cálculo da representatividade dos partidos nas comissões com base no tamanho das bancadas no início de 2003, mas ao mesmo tempo, reduziu de quinze para treze os integrantes da CCJ. Com esse critério, o PMDB com doze deputados e o PFL, com a metade, tiveram direito às mesmas duas vagas na CCJ, aumentando o poder de fogo da oposição.
Mas na avaliação de setores do Palácio Iguaçu, o próprio PMDB pecou por falta de habilidade na condução das negociações com os outros partidos. Ninguém cita nomes, mas o líder da bancada, Antonio Anibelli, está sendo considerado inábil e "áspero" demais na relação com aliados e adversários. Primeiro, Anibelli vetou os nomes que o PT queria colocar na CCJ. Quando estavam prontos para um acordo, com o PT mantendo o predileto do PMDB no cargo, o deputado Hermes Fonseca, Anibelli passou a questionar a indicação de Neivo Beraldin (PDT) para a presidência da Comissão de Finanças.