Se depender da vontade dos deputados estaduais paranaenses, a renovação na Assembleia Legislativa para a legislatura que começa no ano que vem será mínima.
Isso porque 48 dos atuais 54 deputados já definiram que serão candidatos à reeleição. Dois ainda são dúvida e apenas quatro não tentarão um novo mandato, sendo que só um, o petista Pedro Ivo, já decidiu que não disputará as eleições de outubro. Os outros três brigarão por cargo de deputado federal.
Maior bancada no Legislativo estadual, o PMDB lançará todos os seus 18 deputados à reeleição. “Logicamente que como temos uma bancada grande, alguns ficam temerosos de conseguir a reeleição, mas eleição não se define por antecipação. Depende de apoios e trabalhos. Na última, por exemplo, elegemos 17 deputados e depois ganhamos ganhou mais um. Se formos analisar com racionalidade e antecipação, concluímos que mesmo assim é preciso ter cautela. Mas no geral a situação do PMDB é boa. Se nos coligarmos com outros partidos, logicamente que as chances serão ainda maiores”, disse o líder da bancada e presidente estadual do partido, Waldyr Pugliesi.
As bancadas do DEM (cinco deputados), do PPS (três) e do PSB (dois) também irão completas em busca da reeleição, a exemplo do PDT que terá os quatro deputados disputando a reeleição para fortalecer a campanha do senador Osmar Dias ao governo.
“Eu e meus três colegas de partidos seremos novamente candidatos ao cargo de deputado estadual”, disse o presidente em exercício do partido, Augustinho Zucchi.
No PSDB, apenas um dos oito deputados não quer continuar na Assembleia. Luiz Nishimori, que representa a região de Maringá, pretende disputar a eleição para a Câmara Federal.
Líder do partido na Assembleia, Ademar Traiano acredita que haverá espaço para novos nomes do partido por conta do maior potencial eleitoral do PSDB com a candidatura própria ao governo do estado. “A tendência é aumentarmos o número de deputados tucanos”, comentou.
No PP, dois dos quatro deputados já estão confirmados como candidatos à reeleição. Cida Borghetti deverá disputar para deputada federal e Antonio Belinati precisa resolver as pendências com a Justiça Eleitoral que o impediram de assumir a prefeitura de Londrina, no ano passado, para poder voltar a ser considerado elegível e disputar novo mandato.
No PT, cinco dos seis parlamentares também disputarão a reeleição. “Todos estão interessados a se reeleger. A única dúvida é com o deputado Pedro Ivo. Ele já se manifestou várias vezes sobre sua intenção de trabalhar para se tornar prefeito de União da Vitória”, disse o deputado Tadeu Veneri (PT). Os dois deputados do PTB também poderão brigar por novo mandato, embora Jocelito Canto ainda estude lançar-se para deputado federal.
Dos partidos que contam com apenas um deputado estadual, apenas Rosane Ferreira (PV) não disputará a reeleição. Chico Noroeste (PR), Edson Praczyk (PRB), Dr. Batista (PMN) já confirmaram suas candidaturas.
Longevidade
No PMDB, estão os deputados com mais tempo de Casa: Antonio Anibeli e Caíto Quintana buscarão, em outubro a eleição para o oitavo mandato consecutivo. Ambos são deputados estaduais desde 1983 e, se reeleitos, completarão 30 anos na Assembleia.
Mais antigo que eles apenas Pugliesi, que iniciou como deputado em 1979. No entanto, o presidente do PMDB exerceu outros mandatos em sua carreira política, como o de deputado federal e o de prefeito de Arapongas em três oportunidades, não tendo o mesmo tempo de Casa que seus companheiros.
Atividade parlamentar vai sofrer queda
Com quase 90% da Assembleia preocupada com sua campanha de reel,eição, é natural, como em todo ano eleitoral, o esfriamento do debate e, até, o esvaziamento da Casa, principalmente no segundo semestre. Temas polêmicos, que exigem grandes discussões e geram desgaste são evitados neste período.
“Acredito que o ano eleitoral poderá dificultar a aprovação de algumas agendas que devem ser votadas com máxima urgência. Exemplo disso é o projeto dos cartórios, do Colégio Estadual do Paraná e até mesmo uma PEC que diz respeito à aposentadoria dos governadores”, comentou Veneri.
Para o petista, é uma contradição, pois os parlamentares poderiam aproveitar a exposição para ganhar votos. “O problema está na cultura dos deputados em paralisar alguns trabalhos por conta da campanha. O parlamentar já tem o privilégio de poder fazer política ao longo do seu mandato e ainda ter tempo maior de campanha, o que não acontece com outros candidatos”, diz.
Para Pugliesi, o problema poderia ser resolvido com mudanças no modo de operar da Casa. “Na maioria das sessões temos discussões de assuntos sem importância. Trata-se de uma enxurrada de títulos e falas que ocupam o tempo das discussões”, disse.
“Se temos uma matéria de interessa público, deveríamos votar sua constitucionalidade e pronto. Precisamos aproveitar melhor o tempo disponível”, disse. Para Zucchi, “é obvio que teremos uma redução na atividade parlamentar durante o segundo semestre, pois o ritmo e a demanda política são diferentes, mas essa prática já é frequente”.
Para Traiano, a campanha não pode interferir no trabalho legislativo. “A campanha dos deputados não irá interferir nos trabalhos da AL, pois se a pauta estiver fechada até quarta-feira ao meio-dia, eles estão livres para seguir em campanha no interior”, disse. “A cada ano eleitoral temos essa discussão. Mas, desde que atuo como deputado, sempre vi matérias aprovadas nessa época”, disse Plauto Miró.
“Falação” deixou deputado deprimido
O deputado Pedro Ivo (PT) é o único que não pretende candidatar-se a nenhum cargo em outubro. Ex-prefeito de União da Vitória, Pedro Ivo disse que não se identificou com o Legislativo e que a disputa sem resultados na Assembleia o levou à depressão.
“É um jogo de ideias, falação, com avanços pequenos. Identifico-me mais com o Executivo, onde a decisão está na sua mão, você vê as coisas acontecendo. Não me senti realizado. Para ser feliz tem que sentir que sua atividade é produtiva e, no Legislativo, não senti isso, o que fez mal, até, para minha saúde”, comentou.
Quando acabar seu mandato, Pedro Ivo espera ter uma vida mais tranquila. “Vou me dedicar à minha atividade rural aqui em União da Vitória e ter uma vida mais sossegada. Não me senti bem em Curitiba”, disse o petista, que não descarta a possibilidade de voltar a disputar uma eleição. “Vou analisar a conjuntura e, se for favorável, posso sim voltar a disputar a prefeitura, em 2012”.
Única representante do PV na Assembleia, Rosane Ferreira disse que não disputará a reeleição em hipótese alguma. “Não é por decepção, é por objetivo de vida. Na última eleição me candidatei para ajudar o partido e acabei me elegendo, mas lá dentro pensei que se eu não podia fazer algo em quatro anos, não poderia em oito”, afirmou.
De acordo com ela, caso haja interesse do partido em ter seu nome na disputa desse ano, será para o cargo de deputada federal. “Mas para que isso aconteça, sem nenhuma demagogia, dependemos de uma chapa”, disse.
Cida Borghetti e Luiz Nishimori também disputarão vaga na Câmara Federal. Cida entraria na disputa para preencher a cadeira de seu marido, Ricardo Barros (PP), que pretende lançar-se ao Senado. Jocelito Canto ainda não sabe qual será seu futuro político. “Um grupo do partido quer me lançar como deputado federal, mas ainda não sei. Estou estudando e vendo com a população sobre essa possibilidade”.