A Assembléia Legislativa já está em processo eleitoral novamente. Desta vez, para eleger a nova mesa executiva, que a cada dois anos é renovada. Este ano, entretanto, o clima é de continuidade.
As articulações para a eleição, agendada para o período de 5 a 15 de dezembro, apontam para a reeleição do presidente da Casa, Hermas Brandão (PSDB), e da maioria dos ocupantes dos demais oito cargos da mesa.
O PMDB, com a maior bancada em plenário, deve apoiar a reeleição de Brandão e manter o deputado estadual peemedebista Nereu Moura na 1.ª secretaria. Uma parte da bancada ensaiou um movimento para lançar um candidato próprio, mas foi vencida pelos argumentos da chamada "governabilidade".
Segundo Moura, lançar uma chapa contra Brandão seria abrir uma frente de conflito desnecessária e que poderia atrapalhar o governo Requião. "Dos nove deputados do PSDB, sete apóiam o governo. Se montarmos uma chapa, vamos dividir a base do governo", argumentou o atual 1.º secretário. Moura disse que já há um consenso na bancada sustentando sua permanência no cargo dentro do projeto de reeleição da atual mesa.
Brandão vem preparando o terreno para sua recondução desde o ano passado, quando foi aprovada a emenda que garantiu o direito de se reeleger. Anteriormente, a reeleição na mesma legislatura havia sido extinta na gestão do deputado Nelson Justus (PFL), que planejava concorrer agora novamente à presidência da Assembléia. Mas seus planos foram atropelados pelo movimento de reeleição do atual presidente. Filiado ao PFL, que perdeu força em plenário no atual governo, Justus não teria condições hoje de fazer pressão contra a reeleição do tucano.
A avaliação dos deputados é que o máximo que o PFL pode almejar é retomar sua representação na mesa. Atual 3.º secretário, o deputado Quielse Crisóstomo (PMDB) deverá devolver o cargo ao PFL, partido pelo qual se elegeu e que irá indicar um dos integrantes da bancada para substituí-lo na chapa.
Quanto à condição de Brandão, de integrante do núcleo tucano que planeja a disputa da sucessão estadual de 2006 contra o governador Roberto Requião, os peemedebistas acham que as duas situações não se comunicam. "O Hermas tem sido um aliado do Requião na Assembléia. Ele tem sabido separar a atividade legislativa da atividade partidária", disse Moura.
O peemedebista está apostando na chapa única. Mas a segunda maior bancada em plenário, o PT, ainda não se manifestou. Com as relações entre parte da bancada e o governo um tanto quanto abaladas, é possível que o apoio do PT à reeleição da atual chapa não seja assim tão automático quanto desejam os peemedebistas. O atual 1.º vice-presidente da mesa executiva, André Vargas, só foi aceito como substituto do deputado estadual Natálio Stica, que deixou o cargo para assumir a liderança do governo, depois que fez um pacto de não-agressão em relação ao governador Roberto Requião. Como Vargas voltou a entrar em rota de colisão com o governador, o aval da bancada à sua reeleição não é certa. E um eventual veto à sua permanência no cargo pode criar dificuldades para definir a posição do PT na eleição da mesa.