Em um rápido discurso para celebrar os 50 anos da União Africana, na Etiópia, a presidente Dilma Rousseff disse neste sábado, 25, que, na América Latina e na África, quem deve resolver os problemas das nossas regiões “somos nós mesmos”.
O discurso do Dilma foi marcado por uma série de trapalhadas dos organizadores do evento. Em vez de breves discursos, como o da presidente, os demais chefes de Estado se prolongaram por exaustivos minutos, atrasando em uma hora e meia a aparição de Dilma. Além disso, logo após Dilma ser chamada para dirigir-se ao palco, houve uma falta de luz por três minutos. A presidente cogitou não discursar, conforme áudio flagrado por cinegrafistas. “Eu não vou lá”, afirmou, antes de aparecer no palco.
Dilma discursou para um público de cerca de 100 pessoas que acompanhavam o evento em um centro de convenções. O presidente da França, François Hollande, falou depois, para uma plateia ainda mais minguada.
“Os avanços da União Africana, assim como os da União das Nações Sul-Americanas, encerram um ensinamento fundamental: quem deve resolver os problemas das nossas regiões somos nós mesmos, respeitando sempre as diferenças que porventura existam entre nós. Temos o conhecimento, a perspectiva e a vontade política pra superar os obstáculos que restrinjam nosso desenvolvimento”, afirmou Dilma.
“As perspectivas de desenvolvimento econômico e social e de fortalecimento da democracia se tornam mais consistentes e promissoras em todo o continente africano e em todo o continente latino-americano. Logramos nos últimos anos, Brasil, América Latina e África, muitas conquistas, mas temos muito que trabalhar para atingir níveis desejados de educação, saúde, moradia e segurança para os nossos povos”, disse.
Para a presidente, os grandes recursos da África são decisivos para o continente, assim como os recursos da América Latina são decisivos “para nós”. “Aqui na África, suas altas taxas de crescimento econômico, acima da média mundial, urbanização acelerada, a juventude de sua população, suas imensas riquezas naturais e a consolidação da democracia tem todas as condições para trazer um desenvolvimento com inclusão social ainda maior”, afirmou.
A presidente destacou que a sua geração teve como referências políticas centrais o movimento de descolonização da África. “Os escritos e exemplos dos grandes líderes, dos pais fundadores da emancipação africana, sempre estiveram presentes nas ações e reflexões dos que, no Brasil e na América Latina, lutaram contra a opressão e por uma sociedade justa”, observou.
Ao falar que o Brasil tem muito orgulho das raízes africanas, Dilma ressaltou que o povo africano está no cerne da construção da nação brasileira. “O povo africano está no cerne da construção da nossa nação e explica muito o que somos e tudo aquilo que temos certeza de que nos tornaremos. Nossos interesses comuns são amplos, buscamos o verdadeiro desenvolvimento e o desenvolvimento exige combate à pobreza. Já chegou a hora do leão africano escrever sua própria história, assim como chegou a hora da onça brasileira escrever a sua própria história”, disse.
Do evento, Dilma foi direto para o aeroporto de Adis Abeba, já embarcando de volta para o Brasil.