Ahmadinejad: imposições do Ocidente ferem a soberania

O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, afirmou hoje que os países do Ocidente estão impondo condições políticas e técnicas para um acordo na área nuclear que afeta a soberania iraniana. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista realizada em Brasília, Ahmadinejad defendeu o projeto iraniano de enriquecimento de urânio e afirmou que os russos e norte-americanos recuaram numa proposta de venda para o Irã de combustível nuclear. Essa compra, disse, foi proposta por seu país como uma forma de melhorar o clima nas relações internacionais, demonstrando que o Irã tem interesse de enriquecer o urânio e garantir o combustível nuclear para fins pacíficos.

Ahmadinejad chegou a pedir licença a Lula para dar uma longa resposta à pergunta se estava disposto a fazer concessões. Ele alternou frases em tom de conciliação com outras duras e críticas ao Ocidente. “Ainda temos esperanças de fechar um acordo. Mas não nos resta mais tempo. No Irã, as pessoas se forem chamadas para produzir (combustíveis nucleares) assim o farão”, afirmou.

Ahmadinejad disse que o Irã não está resistindo a um acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da Organização das Nações Unidas (ONU), nem está sendo relutante. Isto porque, afirmou, a proposta original foi apresentada por seu próprio país. “Ainda queremos fazer este acordo. A compra e venda de combustíveis são livres, mas cabe ao comprador definir as conciliações da compra. Para alcançarmos um acordo, não vamos abrir mão de nossos direitos legais.”

De acordo com ele, a polêmica em torno da política de enriquecimento do urânio pelo Irã teve origem em 1979, durante a revolução islâmica, quando, segundo ele, países do Ocidente impuseram ameaças militares e de guerra ao Irã. Ahmadinejad citou a guerra com o Iraque, que durou oito anos na década de 80, e disse que Saddam Hussein, o então presidente iraquiano, jogou bombas químicas em áreas civis do Irã e ainda assim contou com o apoio do Ocidente.

Sanções

O presidente iraniano reclamou ainda das sanções econômicas impostas pelo governo dos Estados Unidos. Segundo ele, a própria AIEA anunciou que não existiam provas de que a política iraniana de enriquecimento do urânio não feria regras internacionais, como declarava o então ex-presidente norte-americano, George W. Bush.

Ahmadinejad reclamou de “propaganda negativa” contra o seu país, mesmo com sinalizações do governo de Teerã de um entendimento em busca de diálogo. “Essa campanha negativa acabou atingindo as pessoas no Irã”, disse ele, deixando transparecer um certo ceticismo da população em relação ao acordo.

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