O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, negou que sua declaração pronunciada ontem, no Itamaraty, de que o Irã está pronto para ampliar a produção de urânio enriquecido, seja uma ameaça aos governos do Ocidente que condenam o projeto atômico do país. “Não tem nenhuma ameaça, foi uma notícia só”, afirmou. Indagado se o Irã estaria preparado para um eventual ataque militar dos Estados Unidos ou de Israel, Ahmadinejad disse, enfático: “Eles não têm coragem de praticar isso.”

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Para Ahmadinejad, a “era dos ataques militares já chegou ao seu fim”. “Hoje já é tempo de diálogo. Armas e ameaças pertencem ao passado, até para as pessoas atrasadas mentalmente, aquelas a que você se referiu (Estados Unidos e Israel)”, disse ele, a um jornalista. Ele defendeu que países como Irã e Brasil tenham liberdade para desenvolver projetos nucleares para fins pacíficos e, sem avançar sobre o tema, admitiu a possibilidade de um acordo com o Brasil nesse setor.

O presidente iraniano também se eximiu de responsabilidade pela prisão de três norte-americanos que ultrapassaram a fronteira do Iraque com o Irã e seguem presos por ordem de Teerã. Em entrevista coletiva, ontem à noite, disse que a decisão de libertá-los ou não cabe ao Judiciário. “Cada país tem seus regulamentos”, declarou. Os norte-americanos estão detidos sob suspeita de espionagem.

Palestina

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Dias depois de o presidente Lula receber o presidente de Israel, Shimon Peres, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e ambos terem responsabilizado o grupo radical palestino Hamas pela escalada de violência na região, Ahmadinejad defendeu a unidade na Palestina. “Temos relações com o governo do presidente Abbas e também com o Hamas, que tem embaixadores no Irã, e estamos interessados em que a Palestina seja unida e resolva suas questões por meio do consenso”, disse.

Ahmadinejad disse ser a favor de um referendo para que “cristãos, judeus e muçulmanos decidam sobre seu destino”, acrescentando que bombardeios ou mesmo consensos políticos não são capazes de resolver o problema. De raspão, Ahmadinejad voltou a tocar num tema que custou caro a sua imagem nos últimos tempos.

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Afirmou que os palestinos não foram responsáveis pelo que se define como Holocausto e que, por isso, não podem pagar sozinhos “por um crime que foi cometido na Europa”. Segundo ele, a partir de agora o assunto da Palestina passa a fazer parte da agenda bilateral do Irã com o Brasil.