O presidente do Democratas, senador Agripino Maia (RN), cobrou explicações públicas da direção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o principio de “rebelião” no órgão por conta da suspensão este ano das divulgações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua por causa da revisão da metodologia. Estavam previstas apresentações da pesquisa em junho e setembro, com a disputa eleitoral. O anúncio da suspensão motivou o pedido de exoneração da diretora de Pesquisas do IBGE, Márcia Quintslr. Além disso, coordenadores de pesquisas fundamentais para o instituto divulgaram uma carta em que ameaçam deixar os postos em desagravo a Márcia. O IBGE adiou a divulgação dos dados após questionamentos feitos pelos senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Armando Monteiro (PTB-PE).
A presidente do IBGE, Wasmália Bivar, explicou nesta quinta-feira, 10, que a suspensão da Pnad Domiciliar ocorreu porque o instituto terá de adequar à nova fórmula de cálculo da renda per capital familiar. Isso se deu em razão de uma lei aprovada ano passado que alterou os critérios de distribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE). O novo FPE entra em vigor em 2016, mas já a partir de 2015 os dados terão de ser coletados por uma nova metodologia. Para o presidente do DEM, é um fato “gravíssimo” a tentativa de retardar a divulgação de dados. “Isso é a argentinização do IBGE, que foi um órgão que eu acredito. O grande problema do Brasil é credibilidade”, criticou. “O instituto é o último baluarte do Brasil em matéria de estatísticas numa economia do tamanho da nossa”, completou.
Segundo Agripino Maia, se as explicações da direção do instituto não forem convincentes, será necessário chamar a presidente do órgão para falar ao Congresso. “O fundamental é que, se ela não falar, ela tem que ser chamada a dar explicações”, disse. Para ele, ocorrer uma ação que possa resultar numa demissão em massa é algo “anormal”.
Ao falar ontem ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a senadora Gleisi Hoffmann disse que o IBGE ainda não tinha definido o cálculo da renda domiciliar, indicador necessário para o novo FPE. Na sua avaliação, se o instituto continuasse a fazer o levantamento da forma atual, tal medida iria “dar problema”. “Não dá para a Pnad continuar a não ter uma única metodologia”, ponderou.