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Para o senador Flávio Arns, o presidente deveria ter sido mais categórico. |
Deputados e lideranças do PT do Paraná se declararam perplexos com o agravamento da crise que afeta o partido e também o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por enquanto, as diferentes alas demonstram acreditar na sobrevivência do PT e não há, no momento, quem cogite publicamente abandonar a sigla. "O momento é de reconstrução", disse o deputado Natálio Stica, que já teve seu nome mencionado nas especulações sobre quem sairia do partido.
O desconforto e a desolação são comuns aos vários grupos, mas não apagou as divergências internas, que se acentuaram nas últimas horas, com as alas da esquerda cobrando posições dos integrantes do chamado campo majoritário, que controla o partido estadual e nacionalmente. Alguns defendem um "mea-culpa" do grupo e sua exclusão do comando do partido. "Os atuais mandatários não servem nem para um projeto de partido, nem para o futuro", afirmou o deputado federal Dr. Rosinha. Já o deputado estadual Tadeu Veneri (PT) vai mais longe. Disse que o campo majoritário deveria se auto-extinguir enquanto tendência e repensar as suas práticas.
Na berlinda, o presidente estadual do partido, deputado André Vargas, disse que se sente tão "traído" quanto a imensa maioria dos filiados do partido no país.
"Eu e a imensa maioria dos mais de 830 mil filiados do PT fomos traídos, alguns dirigentes praticaram gestão criminosa à frente do PT e pagarão por isto", afirmou Vargas. Em nota distribuída ontem à tarde, Vargas afirmou que a direção do PT do Paraná não tem vínculos com os dirigentes acusados de irregularidades.
"A direção do PT do Paraná jamais manteve relações obscuras, seja com Marcos Valério ou com dirigentes já afastados. O sofrimento para nós é grande e será de longa duração. Somente uma apuração rigorosa, afastamento e punição dos culpados e um projeto de futuro poderá garantir a coesão", diz a nota divulgada pelo presidente do partido.
Rosinha afirmou que não se trata de acusar a cúpula estadual de ter trazido recursos irregulares para a campanha, mas da necessidade de a militância retomar o controle do partido. "Se for visualizar pela posição de alguns, o Paraná é uma ilha. Mas isso não existe porque o que está acontecendo nos afeta a todos, indistintamente, ao Brasil inteiro", afirmou.
Pronunciamento
Veneri avalia que, assim como o campo majoritário, o presidente Lula também está devendo uma resposta ao país. Veneri considerou insuficiente o pronunciamento feito ontem por Lula. "Ele foi evasivo. Quem o traiu? Quem foram os responsáveis? Nós, quem, devemos desculpas ao país?", questionou Veneri.
O deputado Natálio Stica disse que o presidente pode ter deixado a desejar no pronunciamento, mas "falou com o coração e a emoção" e que estava muito abatido por tudo o que está ocorrendo à sua volta. Segundo Stica, o partido precisa ter humildade para tentar se levantar.
Para a deputada federal Clair Martins, o pronunciamento do presidente Lula ficou aquém da expectativa dos petistas e da sociedade e não deu conta da dimensão da crise. "Tem que ter atitudes, apontar caminhos e deveria sinalizar para uma mudança da política econômica. Talvez ele não tenha entendido a profundidade da crise", avaliou a deputada.
O senador Flávio Arns disse que o presidente deveria ter sido mais categórico, embora considere que foi positivo o fato de ele se manifestar. "Ele tem que começar a se manifestar. Isso é positivo. Ele mencionou coisas boas que estão acontecendo. É preciso haver uma determinação, uma indignação maior dele", afirmou o senador. Segundo ele, Lula deveria ter identificado os que o traíram e deveria ter dito que essas pessoas estavam no governo, mas que foram demitidas. "A população precisava sentir que o presidente está no comando e indicando os rumos da saída para a crise", afirmou o senador.