Agora é o PMDB que hesita ir com o PT

Com o PT sob o fogo cruzado das CPIs e das denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB), setores do PMDB paranaense já começam a se preocupar com os desdobramentos da crise política na relação eleitoral com os petistas na sucessão estadual do próximo ano. Por enquanto, a avaliação é que não há motivos para distanciamentos.

Mas para os peemedebistas, embora o partido esteja representado no escândalo do mensalão pela denúncia contra o seu líder de bancada da Câmara, o deputado paranaense José Borba, a situação se inverteu: ao contrário de antes, o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa mais hoje do PMDB do Paraná do que o governador Roberto Requião precisa do PT, comparou o vice-presidente estadual do PMDB, deputado Nereu Moura.

Para o dirigente peemedebista, o lado fraco da história agora é o PT. "Não há nada que afete o PT do Paraná nesta história. Mas acho que o peso do Requião hoje é mais importante para o Lula do que o Lula para o Requião", disse Moura. "O PT está vivendo o seu inferno astral. Mas não vai ser por isso que vamos jogá-los aos leões num momento de desgraça", comentou.

Já o vice-governador Orlando Pessuti acha que não há nada recomendando uma separação entre as duas siglas em 2006. Para Pessuti, a condição do PMDB será mais vantajosa no próximo ano, mas não por conta das dificuldades enfrentadas pelo PT. Pessuti citou que, ao contrário de 2002, quando o PMDB foi desprezado por todas as siglas e teve que concorrer sozinho ao governo, em 2006, vários partidos vão querer estar no palanque do governador Roberto Requião. "Naquela eleição, achavam que o PMDB era um barco furado. Agora, estou certo de que muitos partidos vão querer construir uma aliança conosco", disse.

Para Pessuti, o fato de o governador Roberto Requião ser um dos integrantes do grupo contrário à formação de um governo de coalizão com o PT, nada está alterando na convivência entre os dois partidos no estado. "A relação continua a mesma. No momento de dificuldades é que se constrói uma relação mais sólida", comentou o vice-governador.

Já o deputado Alexandre Curi  acha que o PMDB deve pensar duas vezes antes de se unir ao PT. "Quem tem que decidir se há interesse nessa aliança agora é o PMDB. O interesse maior é deles", disse.

Desgaste

Mas se o PT sai desgastado do episódio do mensalão – até por conta de sua marca histórica em defesa da ética – é preciso não esquecer que o prejuízo se estende a outros partidos, destacou o vice-governador. "É um problema que não diz respeito exclusivamente ao PT. Se for comprovado que o PT praticava o mensalão, todo mundo sabe que não era em relação aos deputados do PT e sim de outros partidos. Então, outros partidos terão as suas manchas para dar contas à sociedade", comentou.

Moura acha que um acordo eleitoral entre PT e o PMDB continua tão possível quanto antes. Desde que os termos sejam os mesmo de 2002, quando Requião não ofereceu cargos ao partido, mas isoladamente a alguns de seus quadros. "Nós deputados cobramos que o governador deveria convidar gente do PP e do PL para o governo. Mas ele disse que não lotearia o governo. Se tivesse loteado o governo, ele estaria na situação do Lula", provocou o peemedebista.

Pessuti diz que PTB pode ser aliado

O vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti (PMDB), disse que não tem uma definição sobre a vaga que pode ocupar numa chapa à sucessão estadual do próximo ano. Pessuti disse que o "natural" seria repetir as posições – ele seria novamente o candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo governador Roberto Requião -mas a candidatura ao Senado pode ser uma opção para eventuais ajustes eleitorais.

"Pode ser o espaço de vice ou candidatura ao Senado. Eu preferia continuar como vice, mas pode ser o Senado por conta de uma conjugação de interesses políticos", disse o vice-governador. Pessuti acha que a disputa ao Senado não será das mais fáceis. Há apenas uma vaga e os nomes já apresentados até agora teriam forte potencial eleitoral.

Além do PT, o vice-governador mencionou o PTB como um dos possíveis aliados do PMDB em 2006. Pessuti avalia que as denúncias nacionais não atingiram o partido no estado e que não há motivos para excluir os petebistas das negociações sobre coligações.

Para o vice-governador, o suposto envolvimento do deputado federal José Borba no caso do pagamento de mesadas a deputados para votar a favor de projetos de interesse do governo Lula deve ser apurado por meio dos mecanismos já existentes. Pessuti é contra a abertura de uma investigação pelo PMDB do Paraná. (EC)

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