Paulo César Ribeiro, cunhado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), foi seguido e espionado por agentes a serviço do Ministério Público (MP) do Estado durante quatro meses. Eles filmaram e fotografaram o lobista em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, onde ele mora. Também foi alvo do monitoramento o ex-secretário de Finanças da cidade Silvio Serrano.

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Ao todo, 15 imagens ilustram o documento confidencial sobre a vigilância ao irmão de Lu Alckmin, mulher do governador, e ao ex-secretário. Em 24 de agosto, os agentes escreveram: “Conforme solicitação foram procedidas diligências na Rua Barghis Mathias, Parque Ypê, Pindamonhangaba, cadastrado em nome de Thiago César Ribeiro.”

Paulão, como o cunhado de Alckmin é conhecido na cidade, mora na Rua Barghis Mathias. Thiago é um de seus filhos. “O local trata-se de uma residência e, ao lado, no número 140, existe um galpão com inscrições na parede (Velório Rede Sesolupe), cadastrado em nome de Nilton César Vieira”, destaca o texto. Paulão é sócio do Cemitério Memorial da Paz.

A intenção do Ministério Público era conseguir um flagrante de encontro do lobista com Serrano. A promotoria suspeita que Ribeiro indicou Serrano para o cargo de secretário a fim de abrir as portas na administração municipal para a Verdurama, fornecedora de merenda escolar. O cunhado de Alckmin seria o elo entre a Verdurama e pelo menos 20 prefeituras. A empresa, segundo suspeita o Ministério Público, era favorecida em licitações dirigidas: em troca, teria de fazer doações para campanhas eleitorais dos prefeitos.

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No fim de outubro, Serrano foi demitido do cargo de secretário de Finanças pelo prefeito João Ribeiro (PPS), pressionado pela Câmara Municipal de Pindamonhangaba. O ex-vice prefeito João Bosco Nogueira afirmou à promotoria que o lobista tinha trânsito intenso na gestão municipal desde o período de transição – embora não fizesse parte da equipe -, inclusive na secretaria comandada por Serrano.

Ligação

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Serrano disse ao MP que um filho de Paulão “fazia transporte de gêneros alimentícios para a empresa Verdurama”. Ele fez a revelação sobre o vínculo de um filho do lobista com a Verdurama em relato ao promotor de Justiça Leonardo Rezek Pereira. O depoimento ocorreu em 26 de novembro, quando Serrano já havia deixado a Secretaria de Finanças.

Ele negou “o recebimento de qualquer valor ilegal”. Disse que conheceu Paulão durante o “período de transição da administração municipal”, embora o lobista não fizesse parte da equipe. Segundo o ex-secretário, Paulão frequentava a casa do prefeito João Ribeiro, mas Serrano não soube dizer por qual motivo.

O ex-secretário admitiu “relação de amizade” com Paulão, “interrompida a pedido do atual prefeito em razão das afirmações que foram feitas por João Bosco Nogueira, então vice-prefeito”. Indagado pelo promotor sobre o trânsito de Paulão em sua secretaria, Serrano negou que o lobista tenha participado de alguma reunião dos secretários.

No depoimento, Serrano disse que Paulão “tem muitos imóveis”, estava com “impostos atrasados” e “queria providenciar o parcelamento do débito”. O ex-secretário acreditava “ser este o motivo pelo qual ele frequentava a Secretaria de Finanças”.