Agente preso no DF diz que faria contraespionagem

Em depoimento prestado ontem à Corregedoria da Polícia Civil de Goiás, o agente Luiz Henrique Ferreira – detido semana passada sob suspeita de espionar deputados de oposição ao governo de José Roberto Arruda (sem partido) – afirmou que, ao ser contratado, soube que executaria serviço de contraespionagem de interesse do governador do Distrito Federal. O policial receberia três parcelas de R$ 100 mil de uma entidade evangélica para rastrear eventuais interceptações telefônicas em gabinetes do governo.

Especialista em contraespionagem e tido como um policial de conduta exemplar, Ferreira afirmou ter sido contratado por Francisco Monteiro, ex-assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais do governo Arruda e recém-nomeado funcionário no gabinete de Benedito Domingos (PP), deputado da base aliada.

No depoimento, Ferreira disse que Monteiro lhe pediu para periciar as gravações que detonaram o escândalo no governo Arruda. Pelo serviço ele recebeu R$ 20 mil, pagos com cheque da Comunidade Cristã, presidida pelo ex-assessor do governo. O cheque foi apreendido. Segundo o agente, lotado na Delegacia de Narcóticos de Goiás, os R$ 300 mil do suposto serviço de interceptação seriam pagos pela mesma entidade.

Ferreira confirmou que esteve nas proximidades das Câmara Legislativa do DF horas antes de ser detido por agentes da Divisão de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil de Brasília, mas negou que sua missão fosse espionar opositores de Arruda. “Ele disse que estava no estacionamento da Câmara aguardando o assessor do governador para acertar detalhes do contrato”, relatou o corregedor-geral da Polícia Civil goiana, Sidney Costa e Souza. Os equipamentos de gravação que portava, declarou Ferreira, seriam utilizados numa palestra.

‘Lugar errado, na hora errada’

O agente José Henrique Daris Cordeiro, que trabalha com Ferreira na mesma delegacia e foi detido junto com ele, também prestou depoimento ontem. Cordeiro contou não ter relação com o episódio da suposta interceptação e sustenta que, naquele dia, viajou de Goiânia a Brasília apenas para acompanhar o colega. “Eu estava no lugar errado, na hora errada”, limitou-se a dizer. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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