Agaciel chega atrasado no 1º dia de trabalho

O ex-diretor do Senado, Agaciel Maia, agora funcionário do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB), chegou atrasado no primeiro dia de trabalho após três meses de licença e afastado do serviço. O expediente no Senado começa às 8h30, mas Maia apresentou-se ao diretor do instituto somente às 17h50. Ele perdeu o cargo de diretor após ter sido acusado de envolvimento em irregularidades

Maia disse que tinha passado a tarde no Senado, fazendo pesquisa na biblioteca para o seu projeto de publicar um dicionário bibliográfico de todos os senadores brasileiros: “Não preciso trabalhar atrás de uma mesa, vou passar tempos na biblioteca, nos arquivos.”

Em entrevista, o ex-diretor se disse “surpreso” com a presença de repórteres, pois imaginava que “sairia da diretoria e viraria um servidor comum”. “Potencializam essa importância que eu nunca tive e não tenho”, afirmou. “Fui servidor antes e sabia que seria depois. Sempre estive preparado, como diz o jargão aqui, para voltar à planície.”

Agaciel Maia responde processo administrativo no Senado, sob acusação de ter mantido em sigilo atos administrativos editados para nomear aliados políticos, aumentar rendimentos e criar cargos. É investigado pela Polícia Legislativa por suspeita de crime de inserção de dados falsos em sistema de informação de órgão do serviço público. Ele negou ter cometido qualquer irregularidade no tempo em que foi diretor do Senado. “Pode ter havido falha, mas não ilegalidade”, afirmou.

Perguntas e respostas

O ex-diretor afirmou ainda não se lembrar do pedido do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para que nomeasse na Casa um namorado da neta do senador. O episódio foi revelado em diálogos gravados pela Polícia Federal. “Nunca perguntei para o senador Sarney se era parente, porque, até a edição da súmula (do Supremo Tribunal Federal que proibiu o nepotismo nos Três Poderes), podia nomear parente”, afirmou Agaciel.

Em seguida, desfiou uma sequência de perguntas e respostas em que se auto absolveu: “Qual o pecado do Agaciel? Nomeou um filho? Não. Tinha um filho para nomear? Tinha. Nomeou um irmão? Não. Podia? Podia. Precisava? Até precisava, mas não nomeou.”

Quando arguido sobre a possibilidade de se candidatar à Câmara dos Deputados em 2010, Agaciel não nega, mas desconversa. “Isso é coisa de futuro.”

Nomeado diretor do Senado na primeira das três vezes em que o senador José Sarney presidiu a Casa, Agaciel Maia ficou no cargo por 14 anos, até ser exonerado sob acusação de ocultar da Justiça um imóvel avaliado em R$ 4 milhões. Desde então, está lotado no ILB, com salário mensal de R$ 9.580,50 mais R$ 1.651,21 de gratificação pela função.

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