Aeronáutica ouve familiares e testemunhas do acidente

A Aeronáutica, dando prosseguimento aos trabalhos de busca dos fatores que contribuíram para a ocorrência do acidente que matou o ex-governador Eduardo Campos e mais seis pessoas, distribuiu nota oficial informando que estão sendo “entrevistados”, nesta fase inicial da investigação, familiares e testemunhas do acidente.

O objetivo da Força Aérea é buscar a maior quantidade possível de dados que ajudem a montar o quebra-cabeças com os vários detalhes que levaram ao desastre avaliando fatores humano, material e operacional. O Cenipa já realizou a leitura do gravador de voz da aeronave, que não trazia os diálogos do voo. Já fez também, segundo a nota, a análise inicial dos motores e a coleta de informações e de documentos junto às empresas que fizeram a manutenção do avião.

Ao ouvir os familiares, o Cenipa busca fazer o levantamento do perfil dos envolvidos na tragédia para verificar qual a interferência do fator humano neste caso. Na maior parte dos acidentes, o fator humano tem peso fundamental, embora uma queda de avião nunca seja provocada por um único fator contribuinte, mas pelo somatório deles. Ao ouvir familiares, o Cenipa quer conhecer como era o dia-a-dia dos pilotos, verificar como andava o psicológico deles, se existiam problemas familiares, financeiros ou de saúde que pudessem estar tirando a concentração deles. Também vai verificar se estavam usando algum tipo de medicamento que possa ter contribuído para o ocorrido.

O Cenipa irá analisar ainda os aspectos materiais que possam ter contribuído para o acidente. Neste item, entra a avaliação do projeto do avião, se houve fadiga de algum material ou mau funcionamento de sistema. Os destroços dos motores que foram recolhidos já estão sendo analisados pelas oficinas, que também checarão partes do sistema hidráulico, que comanda o trem de pouso, por exemplo, e os flaps. O que foi recolhido do painel de controle da aeronave ainda não está sendo analisado.

O terceiro fator que é levado em conta na investigação do Cenipa é o operacional. Neste ponto, entra a verificação sobre a formação dos pilotos para a missão que iria ser executada, a habilitação para operar em condições adversas de tempo, além de como foram os treinamentos em simuladores. A questão meteorológica é incluída na análise do fator operacional.

O Cenipa vai assistir e avaliar todos os vídeos que possam existir sobre a queda do avião. Quer ouvir também as testemunhas do caso. Por isso o órgão pede que quem tiver imagens do avião antes da queda que as disponibilizem para análise. A expectativa da FAB é que possam surgir mais vídeos com imagens melhores e talvez mais próximas do avião antes de cair. Estes vídeos ajudam na investigação, mas não serão determinantes para a elaboração do relatório final sobre os fatores que contribuíram para o acidente.

Logo após o desastre, houve a especulação de que o avião teria conseguido passar entre dois prédios antes de cair. A imagem colhida em um prédio em construção em Santos e divulgada ontem pela imprensa derruba esta tese inicial apresentada por um dos técnicos consultados à época pelos jornalistas.

Nota

Na nota, o Cenipa ressalta que “não trabalha com “causa” de acidente, mas com fatores contribuintes”. Esclarece ainda que “causa” se refere “a um fator que se sobressai, que seja preponderante”, ressalvando que a investigação do órgão “não elege um fator como o principal”. “Desta forma, qualquer análise de fatores isolados pode ocasionar conclusões precipitadas ou equivocadas”, prossegue a Aeronáutica, acrescentando que “o resultado da investigação compõe o Relatório Final, que é elaborado com base em informações factuais e nas análises de todos os fatores que contribuíram para o acidente de maneira integrada”.

Por fim, a nota diz que “o relatório final busca reproduzir a dinâmica da ocorrência aeronáutica e emite as recomendações de segurança de voo para evitar que acidentes semelhantes se repitam”. Não há prazo determinado para sua conclusão das investigações.

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