O senador afastado do cargo Aécio Neves (PSDB-MG) está reunido neste momento, em Brasília, com o novo presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE). Assim como ontem, Aécio passou o dia em casa recebendo aliados para avaliar os desdobramentos da delação do empresário Joesley Batista, dono da JBS. Estiveram com Aécio ao longo desta sexta-feira o ministro Bruno Araújo (Cidades), o governador de Goiás, Marconi Perillo, e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Para o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a delação da JBS aponta que o tucano tem atuado para impedir o avanço das investigações da Operação Lava Jato. “Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio do controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos”, escreveu Janot no pedido de abertura de inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com o PGR, as provas já colhidas indicam o cometimento de crimes de corrupção passiva por Aécio. “Verificou-se que, por intermédio de sua irmã, Andrea Neves da Cunha, Aécio Neves solicitou propina para Joesley em pelo menos uma oportunidade, consistente no pagamento de R$ 2 milhões, acertado a ser efetivado em parcelas”, afirmou Janot. Andrea foi presa na quinta-feira, 18, por determinação do ministro Edson Fachin, do STF. Segundo aliados, a situação da irmã é a principal preocupação de Aécio neste momento.
Nesta sexta-feira, Aécio divulgou uma nota para negar a acusação. Segundo o presidente licenciado do PSDB, ele foi um dos primeiros a “hipotecar apoio à operação” Lava Jato. O tucano disse ainda que “manifestar posições em relação a propostas legislativas é algo inerente à atividade parlamentar”. Ele também declarou que, “em relação aos comentários feitos em conversa privada sobre delegados da Lava Jato, o senador emitiu uma opinião em face da demora da conclusão de alguns inquéritos”.