O ex-governador e senador eleito por Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) rechaçou hoje, por meio de sua assessoria, qualquer ligação com o episódio da quebra do sigilo fiscal de pessoas vinculadas ao candidato à Presidência José Serra (PSDB). A assessoria alegou que o ex-governador não tem qualquer relação com o episódio e a prática de quebra de sigilo nunca fez parte de sua trajetória política, “em mais de 20 anos de vida pública”.

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Em depoimento à Polícia Federal (PF), o jornalista Amaury Ribeiro Jr. admitiu que encomendou a quebra dos sigilos fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, da filha de Serra, Verônica, do genro dele, Alexandre Bourgeois, e de outros tucanos entre setembro e outubro de 2009.

Os dados seriam usados por Amaury, que na época trabalhava para o jornal Estado de Minas, em uma apuração deflagrada quando Aécio e o ex-governador de São Paulo ainda disputavam no partido a indicação como presidenciável tucano.

Acompanhado do governador eleito Antonio Anastasia (PSDB) e do senador eleito Itamar Franco (PPS), Aécio participou de um encontro com prefeitos e lideranças políticas em Juiz de Fora (MG), onde pediu votos para Serra.

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No início de junho, durante viagem a Montes Claros (MG) – ao lado de Serra -, Aécio reagiu com irritação às primeiras especulações de que o material contra o correligionário teria origem na disputa interna do PSDB. “Eu exijo respeito. A minha trajetória política é conhecida. E nós sabemos onde estão os aloprados, até endereço têm”, disse ele, se referindo ao QG da campanha de Dilma Rousseff (PT) em Brasília.

“É um movimento subterrâneo tão estranho à nossa prática política, um exercício que não tem nenhum conteúdo de verdade”, afirmou o presidente do PSDB-MG, deputado federal Narcio Rodrigues. Segundo ele, a postulação de Aécio no partido não “era contra Serra”. “É muito assustador que essas coisas sejam levantadas como se tivessem alguma procedência.”

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Narcio, contudo, não descartou a possibilidade de uma “origem mineira” do episódio, mas reiterou que o diretório estadual do PSDB e o ex-governador não têm nenhuma relação com os fatos.

Projeto político

Hoje, durante a visita à cidade da zona da mata, Aécio disse que a eventual vitória de Serra “fortalece sim o projeto político de Minas Gerais”, em referência a uma futura candidatura presidencial. Questionado se esse projeto ficaria mais fácil com a eleição do presidenciável tucano, o ex-governador respondeu que não faz “política pensando no degrau seguinte”.

Mas completou: “O que eu posso dizer é que espero que o Serra seja vitorioso. Para Minas isso será muito melhor. Qualquer que seja o resultado da eleição, no Senado, Itamar, eu, ao lado de Anastasia, vamos trabalhar muito para o fortalecimento da posição política de Minas. Mas respondendo objetivamente: a eleição de Serra fortalece sim o projeto político de Minas Gerais.”

Para o presidente do PSDB, trata-se de uma “miopia” a interpretação de que a vitória de Serra na votação de 31 de outubro seria prejudicial às pretensões de Aécio. “Não temos essa visão xenófoba e babaca”, disse Narcio. “O Aécio entrou na fila se o Serra ganhar a eleição ou se o Serra não ganhar a eleição.”